A posição decorre da “ordem de precedência” divulgada pelo Vaticano, uma disposição própria utilizada nas procissões, votação e juramentos relacionados com o período da Sé vacante, o período de tempo entre a renúncia do Papa emérito e a eleição do sucessor.
A ordem de precedência tem implicações, por exemplo, na organização das procissões ou nos lugares que os cardeais ocupam durante a eleição pontifícia, na Capela Sistina.
O cardeal Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor da Santa Sé, ocupa o 104.º lugar nesta lista, definida em função da data de criação cardinalícia e da ordem (episcopal, presbiteral ou diaconal) em que os cardeais são inscritos, seguindo uma tradição que remonta aos tempos das primeiras comunidades cristãs de Roma, quando os cardeais eram bispos das igrejas criadas à volta da cidade ou representavam os párocos e os diáconos das igrejas locais.
Por norma, os cardeais que lideram uma diocese, como acontece com José Policarpo, pertencem à ordem presbiteral e os que trabalham na Cúria Romana à diaconal.
O outro cardeal português José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos, é um dos seis cardeais-bispos (a que se juntam, num grau hierárquico inferior, os patriarcas das Igrejas católicas de rito oriental) da Igreja, os únicos que elegem e podem ser eleitos para o cargo de decano do Colégio Cardinalício, mas não participará no Conclave por ter mais de 80 anos.
Dado que o actual decano do Colégio Cardinalício, Angelo Sodano, tem mais de 80 anos, e estará afastado do Conclave, a assembleia dos cardeais eleitores vai ser presidida pelo cardeal-bispo eleitor mais antigo, Giovanni Battista Re, prefeito emérito da Congregação para os Bispos.
Na reunião eleitoral que tem hoje início, Manuel Monteiro de Castro vai tornar-se hoje no décimo cardeal português a marcar presença num Conclave desde 1903, para a escolha do próximo Papa.
O anterior Conclave contou igualmente com dois portugueses, José Policarpo e Saraiva Martins. Antes, tinha sido António Ribeiro (1928-1978), patriarca de Lisboa, a participar nos dois conclaves de 1978 (agosto e Outubro), para as eleições de João Paulo I e João Paulo II, acompanhado pelo cardeal luso-americano Humberto Sousa Medeiros (1915-1983), arcebispo de Boston.
Manuel Gonçalves Cerejeira (1888-1977), cardeal-patriarca da capital portuguesa entre 1929 e 1971, participou nas eleições de Pio XII (1939), João XXIII (1958) e Paulo VI (1963).
O conclave de 1963 contou também com a presença José da Costa Nunes (1880-1976), vice-camerlengo da Santa Sé, antigo arcebispo de Goa e Damão e Patriarca das Índias Orientais. Em 1958, o outro cardeal português presente era Teodósio Clemente de Gouveia (1889-1962), arcebispo da capital moçambicana.
Os patriarcas de Lisboa, António Mendes Bello (1842-1929) e José Sebastião Neto (1841-1920) participaram nas primeiras eleições do século XX.
A última eleição pontifícia sem a presença de um português ocorreu em 1846, dado que Guilherme Henriques de Carvalho foi criado cardeal por Gregório XVI, mas a morte do Papa fez com que a distinção apenas fosse formalmente atribuída pelo seu sucessor, Pio IX.
O primeiro cardeal português a ter marcado presença numa eleição pontifícia foi Paio Galvão, natural de Guimarães: em 1216 (Honório III) e 1227 (Gregório IX).
O Conclave, palavra com origem no latim ‘cum clavis’ (fechado à chave), pode ser definido como o lugar onde os cardeais se reúnem em clausura para eleição do Papa.
Lusa/SOL