SOL&SOMBRA

O mais e o menos da semana visto por José António Lima.

SOL

João Proença

A um mês de ceder o cargo de secretário-geral da UGT, que ocupa desde 1995, fez mais uma vez valer o seu peso negocial, obrigando a troika e o Governo a cederem no ponto – considerado crucial pela UGT – das indemnizações a pagar pelos despedimentos. E a passarem de 12 para 18 dias nos contratos a prazo, admitindo-se as indemnizações até ao limite máximo de 360 dias. O líder da UGT bateu o pé, fez ver que dessa questão dependia a ruptura ou não na concertação social e sai como um vencedor do processo negocial com a troika. Um sucesso importante que fica a marcar o momento da sua sucessão.

SOMBRA

Passos Coelho

Conseguiu flexibilizar e dilatar os prazos, até 2015, para atingir o défice de 2,5% e para os cortes de 4 mil milhões na despesa pública. Mas a reforma do Estado continua emperrada nos vários ministérios e o Governo permanece sem orientação política e sem falar a uma só voz (como se viu com as desencontradas opiniões sobre entendimentos com o PS). O próprio primeiro-ministro, além de fazer afirmações descabidas sobre o salário mínimo, aparece menos seguro, crispado e irritadiço no Parlamento, a denotar dificuldades internas. E com os cortes a prolongarem-se até 2015 bem pode rever os cenários para as eleições legislativas.

António José Seguro

Chega a ser confrangedor como, tudo espremido, as cinco ou sete propostas alternativas do PS para fazer Portugal sair da crise se resumem a diminuir a receita fiscal, com a baixa do IVA, e a aumentar a despesa do Estado, com o aumento de salários e pensões – tudo o contrário do que o país precisa. O resto são generalidades abstractas, como a de lançar uma agenda para o crescimento e o emprego. O vazio de ideias junta-se, neste caso, ao temor de apresentar medidasconcretas, difíceis e impopulares.

Manuel Sebastião

O presidente da Autoridade da Concorrência já se distinguira, nos Governos de Sócrates, pela complacência da sua actuação. Agora, finalmente de saída do cargo, vem dizer que não há razões para suspeitas sobre a banca, quando lhe caiu nas mãos um processo com indícios de concertação de comissões e spreads que envolve 15 bancos! E anuncia que o processo deverá concluir-se… daqui a 2 anos! Deve estar a brincar connosco.