“Reduzir o défice orçamental, conter a dívida, estes objectivos abrangentes do programa, têm de continuar no caminho certo, o programa tem de continuar no caminho certo”, afirmou Abebe Selassie, em entrevista por telefone a partir da sede do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington.
O responsável explicou que os técnicos usaram uma boa parte do tempo desta revisão em discussões com o Governo sobre a revisão da despesa pública e os cortes que serão necessários do lado da despesa para os próximos orçamentos de forma a serem consistentes com as novas metas do défice.
“O que nós discutimos foi a forma como a revisão da despesa seria implementada nos próximos meses e anos. O que o Governo tornou claro foi que iriam consultar os parceiros sociais e políticos para chegar a uma versão final das reformas na despesa que têm em mente. Esse processo vai ter lugar nas próximas semanas”, explicou.
Questionado sobre o que estaria em cima da mesa em termos de cortes, o responsável explicou que o que foi discutido com o Governo foi o plano para a implementação desses cortes e da reforma do Estado, algo que vê a demorar ainda muitos anos.
Ainda assim, Abebe Selassie admite que a ‘troika’ esperava mais detalhe quanto a estes dossiês, mas diz que é “compreensível que o Governo precise de um pouco mais de tempo que o esperado”.
“O objectivo da reforma do Estado é algo que vai levar muitos anos, por isso a componente da revisão da despesa pública que é importante agora é a que vai suportar as metas dos défices para 2013 e 2014. Boa parte das discussões geraram em torno deste assunto”, admitiu o responsável.
A revisão das metas do défice operacionalizada nesta avaliação da ‘troika’ (composta pelo Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu) acabou por obrigar a um ajuste das medidas necessárias para cumprir as metas.
Abebe Selassie garantiu ainda que o desembolso da ‘tranche’ de dois mil milhões de euros prevista com a aprovação da sétima revisão do memorando para Portugal não está dependente da apresentação do plano de corte dos 4.000 milhões de euros, mas que a mesma só deverá chegar a Portugal em maio, ao contrário do que estava previsto.
A razão para este adiamento resulta do facto de o FMI apenas conseguir levar a questão ao ‘board’ nessa altura porque, até lá, o FMI, juntamente com o Banco Mundial, ainda irá realizar os encontros da primavera e apresentar as respectivas previsões económica para a economia mundial.