Ensino militar à beira da extinção

O Governo avançou esta semana com a reforma das instituições de ensino militar, mas o receio de que a prazo estas escolas percam o cariz militar e possam acabar alastra-se.

o instituto de odivelas (só para raparigas) vai fechar dentro de dois anos. o colégio militar (cm) vai passar a misto e a regime duplo de internato e externato. os pupilos do exército vão reforçar o ensino técnico.

basílio horta, deputado do ps_e ex-aluno do colégio militar, diz ao sol que o futuro colégio militar «não tem nada a ver» com o que existiu até agora. «tenho muita pena. o_cm tem um perfil e uma tradição que deve ser mantida», explica.

além de basílio, estudaram no cm políticos como o ex-ministro da educação pedro lynce, o autarca de sintra, fernando seara, e o secretário-geral do cds, antónio carlos monteiro. ao sol, lynce afirma ter «dúvidas» sobre se «foram exploradas todas as hipóteses» de poupança no actual quadro.

o próprio exército é contra estas alterações, mas teve que se sujeitar à vontade do ministro aguiar-branco. «o acompanhamento 24 horas/dia facilita mais a dimensão comportamental de liderança. mas há uma decisão política que vamos cumprir», afirmou esta semana o chefe de estado-maior do exército, general pina monteiro.

o governo defende-se, apoiando-se numa posição da associação de antigos alunos que aponta para um acréscimo de 300% no número de candidatos, se o cm abrir como externato.

os três estabelecimentos de ensino custam por ano ao estado 18 milhões de euros. o governo não quer dizer quanto pretende poupar com esta reforma, nem quanto vai custar o novo edifício para as camaratas femininas que vai ser preciso construir dentro do perímetro do cm para receber as alunas de odivelas.

helena.pereira@sol.pt