e o primeiro-ministro ainda borrou mais a pintura, logo a seguir, ao alimentar os cenários de uma eventual demissão do governo com a precipitação de eleições antecipadas no caso de um chumbo maximalista do palácio ratton ao oe. «é natural que os partidos possam avaliar várias possibilidades», soltou com ligeireza passos coelho ao ser confrontado com esses cenários. quando se esperava que rejeitasse liminarmente qualquer hipótese de crise governativa e que cortasse de imediato pela raiz tais especulações.
já o circunspecto ministro vítor gaspar deixara proliferar irresponsavelmente, na comunicação social, a tese de que nem ele nem o governo teriam um plano b para fazer face e ultrapassar a inviabilização pelo tribunal constitucional de algumas medidas do orçamento para 2013.
ora, falando claro, a verdade é que passos coelho e vítor gaspar – mais a mais numa situação de aflitiva emergência como aquela que o país está a viver – não só estão obrigados a ter um plano b como até a prever um plano c ou um plano d para o governo do país não soçobrar ao primeiro escolho que lhe surja pela frente. venha ele do tc, da troika, dos parceiros sociais, de belém ou de demissões como a de miguel relvas.
foi com esse mandato – para quatro anos e até ao cumprimento integral dos compromissos assumidos por portugal no memorando de ajustamento – que passos coelho foi eleito e a maioria psd/cds assumiu o governo. não para cederem às primeiras adversidades e para precipitarem crises políticas.
o primeiro-ministro sueco, fredrik reinfeldt, que estava ao lado de passos coelho no momento das suas infelizes declarações sobre o tc, deu-lhe um conselho para vencer a crise: «prosseguir as reformas para fortalecer a competitividade» de portugal. sábio conselho: prosseguir as reformas é mesmo o que mais tem faltado a este governo.
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