Maduro e a nova estratégia de abertura e diálogo

Na conferência de imprensa em que se anunciaram, apenas em linhas gerais e sem pormenorizar medidas, as decisões deste longo Conselho de Ministros estiveram os dois novos ministros, Poiares Maduro e Marques Guedes, o ministro da Defesa Aguiar-Branco e o secretário de Estado do Orçamento Luís Morais Sarmento, em representação de Vítor Gaspar que estava…

paulo portas, em viagem de estado na colômbia, esteve ausente do conselho de ministros. e as longas 11 horas em que este se arrastou foram, deste modo, ocupadas essencialmente com a discussão do volume e das características dos cortes a aplicar, ministério a ministério. com a maioria dos titulares das pastas a argumentar que já têm «orçamentos abaixo de zero» e que dificilmente terão meios para assegurar o seu funcionamento nos meses finais do ano, quando as verbas já tiverem esgotado na totalidade. o debate foi aceso e a dificuldade da aplicação deste corte de 750 milhões ficou patente no anúncio de que apenas será conhecido em detalhe no orçamento rectificativo a apresentar em meados de maio.

da conferência de imprensa, a novidade, além das explicações parcelares e inconclusivas sobre as medidas aprovadas, foi a intervenção de poiares maduro a colocar a tónica política na abertura do governo ao diálogo com o ps e a oposição, tentando dar continuidade ao encontro de passos coelho com antónio josé seguro, e ao debate com os parceiros sociais na concertação. o novo ministro chegou mesmo a falar na necessidade de um amplo consenso nacional para se estabelecer uma agenda para o crescimento económico e o emprego, indo ao encontro do discurso que seguro e o ps vêm repetindo.

subsídio transferido de junho para novembro

já o secretário de estado do orçamento anunciou que, afinal, é o subsídio de férias que está a ser pago em duodécimos aos funcionários públicos e não o subsídio de natal, que será pago em novembro. são cerca de 1.000 milhões de euros que estão em causa e cujo pagamento o governo transfere assim de junho para novembro, aliviando as suas necessidades de tesouraria. também algumas verbas disponíveis do qren poderão ser reafectadas às necessidades correntes de tesouraria dos vários ministérios.

se alguns ministros não escondiam, no final, o seu desagrado pelo adiamento das reformas estruturais e o consequente agravamento dos cortes nos depauperados orçamentos dos seus ministérios, vão em sentido oposto às reacções do cds. o partido de paulo portas congratula-se com esta inflexão e há dirigentes que dizem mesmo que ao cortar no funcionamento dos ministérios «se está, finalmente, a cortar nas gorduras do estado».

o problema, como antecipava ontem um ministro, é que «vamos chegar a outubro sem verbas para pagar qualquer despesa e, como é habitual, serão os fornecedores do estado a pagar a factura». ou seja, a ficarem com o pagamento das suas facturas ainda mais atrasado.

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