Apaga a luz

O Papa Francisco continua as suas exemplares ‘excentricidades’. Parece que no Vaticano já se habituaram a apagar a luz sempre que se sai de uma divisão, porque o Bispo de Roma disse que a poupança na conta da electricidade dá para pagar pelo menos o salário de um pároco.

também se conta que sai sem avisar e passeia pela cidade para lhe sentir o pulso. tenho a certeza de que nos habituaremos pouco a pouco a este abandono da solenidade e da distância ancestral cultivada pelos seus antecessores. admito, no entanto, que gostava de ler o que pensa disto o equivalente no vaticano aos nossos velhos do restelo. o que para nós são atitudes de simplicidade e desmitificação, para eles devem ser estaladas protocolares e insultos insolentes à magnificência pontifícia. o interessante é a autoridade papal não ser nem um bocadinho posta em causa. não sei porquê, lembrei-me do desprezado renault clio que a bancada socialista abominou.

sente-se lá

assisti ao episódio protagonizado por dias ferreira na sic notícias, que levou à sua saída espontânea do programa o dia seguinte, e tentei perceber o que se passara para uma reacção tão magoada da sua parte. embora tenha visto o programa quase do início em busca da origem para a discussão, não consegui reconhecer o que a motivou. fiquei, porém, com a certeza de que a cena dificilmente se passaria se a apresentadora fosse cláudia lopes. comecei a passar os olhos pelo mais futebol, na tvi24, por recomendação de uma querida amiga que descansa a cabeça a ver programas de debate sobre futebol. além de cláudia lopes ter um genuíno entusiasmo pelo desporto, é conhecedora do tema e profissional na sua alegria e capacidade de comunicação. é respeitada também por ser uma mulher num meio de homens. gosto de os ver direitinhos e bem dispostos. cláudia lopes é a principal responsável por este ambiente civilizado e saudável. é assim mesmo.

doação de luxo

estée lauder, filha de imigrantes, começou com o tio a fabricar e a vender produtos de beleza nos anos trinta. teve dois filhos. o mais velho entrou para o negócio da família aos 25 anos. nos anos 60, estée lauder era já uma das mais importantes marcas de cosmética. foi no fim dessa década que o filho começou a reunir, com cuidado e critérios selectivos, a maior colecção particular de pintura cubista. actualmente com 79 anos, 40 após se ter iniciado como coleccionador de arte, leonard lauder doou um conjunto de 78 obras, quadros, desenhos e esculturas, avaliado em mais de um bilião de dólares, ao metropolitan museum. a doação é uma das mais generosas de sempre. impôs como única condição ao museu que não vendesse as obras nos próximos tempos, prometendo, além do mais, acrescentar ao espólio do metropolitan as peças cubistas de relevância que entretanto encontrar. não tenho dúvidas de que estas acções também contam para ir para o céu.

caros canais por cabo

se não fosse a terceira temporada de game of thrones, no canal syfy, a minha vida de seriófila estava ainda mais desolada. house of cards aborrece-me, newsroom também. the good wife às vezes sim, outras não. dou por mim a jogar veggie ninja ao mesmo tempo que vejo a segunda temporada de the killing, de que não desgosto. como não sei dinamarquês, tenho de voltar atrás várias vezes porque perco metade. boardwalk empire deprime-me. ambrósio, apetecer-me-á alguma série? sim: apetece-me dexter. apesar de a sexta temporada ter sido a pior até agora, o anúncio da estreia em junho da oitava série nos estados unidos lembrou-me a falta da sétima temporada na televisão em portugal. onde está a série? o que lhe fizeram? em que cave a mantêm cativa e porquê? the bates motel, no tv séries, e hannibal, no axn, são estreias interessantes, mas não é a mesma coisa. façam uma espectadora feliz e anunciem mais dexter para breve. obrigada, vossa cliente.

todos os dias

justin bieber visitou a casa de anne frank em amesterdão e quis deixar uma nota de homenagem no livro de visitas do museu: «é verdadeiramente inspirador ter vindo aqui. a anne era uma óptima rapariga. com sorte, teria sido uma belieber». é provavelmente uma das declarações mais estúpidas de que há memória e suscitou reacções à sua altura. um participante no facebook do museu terá escrito, num tom de enorme indignação: «boa bieber!, a promoveres-te às custas da anne frank!». sim, é possível ser pior. só espero que neste mundo tardiamente adolescente, de inteligências desenvolvidas no facebook, alguém se tenha lembrado de dizer que anne frank dificilmente seria uma ‘belieber’, a menos que fosse uma fã do género avó, que também as há. a situação absurda levou o museu a divulgar uma nota de condescendência sobre bieber «que gostou muito da visita». fizeram bem. como diz mário soares, «por muito menos que isto, foi morto o rei d. carlos».