o conceito já é usado noutros países, mas o mecanismo português – designado “wayenergy” – consegue gerar até “três vezes mais energia”, disse francisco duarte, um dos criadores, à agência lusa.
prevê-se que as obras de instalação, já em curso numa faixa de rodagem e numa passadeira da alameda pêro da covilhã, junto ao hospital da cidade, estejam concluídas nos primeiros dias de maio.
a electricidade gerada vai alimentar os semáforos e novos painéis electrónicos informativos da zona, tornando-os auto-sustentáveis.
este teste vai ser uma das “provas de conceito” para validar a invenção, antes de a produzir em série e comercializar.
outras instalações com a mesma finalidade vão ser feitas em lisboa, num dos acessos pedonais ao centro comercial colombo, durante o mês de maio, e também em guimarães.
o projecto nasceu na empresa waydip, criada na universidade da beira interior (ubi), na covilhã, em 2010, por francisco duarte, 29 anos, e filipe casimiro, 27 anos, alunos do mestrado integrado de electromecânica.
no mesmo ano, o mecanismo ganhou os prémios edp/inovação richard branson e mit inovação.
em 2011, a waydip foi escolhida pela fundação norte-americana kauffman foundation, dedicada ao empreendedorismo, como uma das 50 novas firmas mais inovadoras do mundo.
agora, durante cerca de duas semanas, os recém-formados engenheiros e uma equipa de colaboradores trocam os laboratórios e computadores por pás e ferramentas de obras, durante horas a fio sob um sol abrasador e por entre o pó da avenida esventrada, onde estão a instalar o sistema.
“não sabia que isto incluía tanto trabalho e tanto bronzeado, mas é bom”, disse sérgio baptista, 25 anos, engenheiro electrotécnico formado na ubi e funcionário da waydip há cinco meses.
o primeiro teste real do projecto “é um desafio constante” e refere que não o trocaria por nada: “temos de lidar com várias entidades públicas, descobrir normas e materiais certos, mas não há nada como um bom desafio para nos manter empenhados”.
cada mosaico wayenergy esconde pequenos geradores sob a superfície que, quando pressionados, se deslocam 12 milímetros, o suficiente para produzir energia.
além da pressão, há também peças do sistema que permitem aproveitar a velocidade, ou seja, a energia cinética dos carros ou pessoas.
entre outros mercados, estão na mira países que utilizam muitos painéis informativos “para segurança dos peões”, adiantou francisco duarte, apontando o reino unido como exemplo: no caso, os painéis avisam os turistas que o trânsito circula em faixas de rodagem contrárias à maioria dos países.
a patente internacional do wayenergy está registada e as provas em laboratório concluídas, mas, “na rua, o equipamento estará sujeito à meteorologia, à passagem de milhares de veículos por dia” e a outros factores, servindo o teste para “dar confiança aos futuros clientes”.
lusa/sol