A cada um as suas curvas

Não se pode ir à praia com pessoas magras, que desatam logo a chamar-nos gordíssimas, mesmo que o meu namorado me diga que estou gira. Não será falta de educação? – Maria do Carmo Figueiredo

claro que esse tipo de comentários exigiria uma intimidade imensa. ainda para mais, se o seu namorado a acha gira, nada justifica ‘bocas’ alheias.

as pessoas mais maçadoras têm características desagradáveis: em geral, por deficiência cultural, só sabem falar de dietas, de famílias e de roupas; por outro lado, têm tendências bolímico-anoréxicas, mesmo inconscientes, que querem estender em redor; finalmente, são tristonhas, pelo que se irritam com a boa disposição dos mais normais.

não quer isto dizer que eu defenda o sobrepeso ou a obesidade. nesses casos, talvez seja preferível sarrazinar as pessoas do que gastar dinheiro público em cirurgias que pouco adiantam, porque voltarão rapidamente à mesma morfologia corporal.

a magreza tornou-se uma tirania, e nem me parece que seja admirada unanimemente pelos homens – que preferem a diversidade dentro de parâmetros de elegância consensuais. vê-se que as próprias actrizes de sucesso já não são tão esqueléticas como nos anos 60. hoje, nem twiggy (a modelo ícone dos anos 60 que espalhou a anorexia), nem gordura é formosura. meio termo.

já se sabe que a única dieta eficaz é fechar a boca. mas não há nada mais deselegante e difícil de aturar do que as pessoas que só falam de dietas. continua a valer aquele princípio básico da boa educação: é feio reparar no que os outros comem. e nas curvas de cada uma.