por um lado, é preciso reduzir a resistência a estes medicamentos, diminuindo o seu uso. segundo fontes médicas, os hospitais consomem de forma exagerada antibióticos de fim de linha, muito potentes, para tratar doenças comuns – quando deviam estar reservados para estas situações graves de infecções hospitalares, mais mortíferas do que as outras. a resistência aos antibióticos é, aliás, a principal responsável por infecções hospitalares.
«temos de reduzir o número de antibióticos usados, sobretudo quinolonas e carbapenemes, duas famílias de antibióticos cujo uso é muito elevado», avisa o coordenador do programa. e adianta que, por exemplo, em relação a uma das bactérias mais comuns, a estafilococos aureus, pretende-se que a taxa de resistência àqueles medicamentos passe de 50% para os 40% nos próximos cinco anos.
por outro lado, o ministério da saúde quer regras claras na prevenção destas doenças. para isso, cada administração terá de elaborar um perfil com os tipos de infecções mais comuns no seu hospital. isto para que, quando se fizer um tratamento preventivo aos doentes com elevados riscos de contrair estas infecções, se dê o antibiótico mais adequado.
consumo limitado a sete dias
desta forma, serão estabelecidos limites rigorosos para o consumo destes medicamentos em meio hospitalar: o tratamento de doentes internados com antibióticos não pode ser feito por mais de sete dias.
e, nos casos em que se faça profilaxia (medicação por prevenção) antes de uma cirurgia, o remédio só pode ser dado nas 24 horas que antecedem a operação. a excepção a esta regra é a cirurgia cardiotorácica.
para supervisionar o cumprimento das novas regras, será nomeado, em cada unidade, «um consultor só para os antibióticos», explica artur paiva. «a sua função será a de, sempre que um doente for medicado com um antibiótico de largo espectro, conversar com a equipa clínica para verificar se o antibiótico receitado é o mais indicado, quando deve ser iniciado e por quanto tempo».
todas estas medidas devem estar no terreno até ao final do ano. neste momento, o programa ainda não tem orçamento aprovado e vai funcionar com o apoio da estrutura da dgs. o orçamento será ainda discutido com a tutela – mas, tratando-se de um programa prioritário, irá contar em 2014 com as verbas que resultam dos jogos da santa casa da misericórdia.