“Timor-Leste não vê problemas em que a Guiné Equatorial participe [na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa] desde que cumpra as condições, como a introdução do ensino de língua portuguesa e o compromisso de respeitar os direitos humanos e os valores da democracia”, disse José Luís Guterres, em entrevista à Lusa.
Em Lisboa para uma visita de quatro dias, em que deverá encontrar-se com o secretário executivo da comunidade lusófona para preparar a presidência timorense da CPLP, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste disse ser “possível e benéfico” a adesão de mais um membro de pleno direito.
Recordando que a adesão da Guiné Equatorial requer um consenso dentro da comunidade – algo que não foi alcançado nas duas últimas cimeiras da CPLP, em 2010 e 2012 – o governante manifestou o desejo de que seja encontrada uma saída para o impasse.
“Se não for agora e se não for em 2014 [data da próxima cimeira, a decorrer em Timor-Leste], será nos próximos anos. É um assunto que já esta na agenda, vai continuar na agenda, porque pelo que conheço, há uma vontade muito séria” por parte do Presidente da Guiné Equatorial, disse.
Questionado pela Lusa sobre as prioridades para a presidência timorense da CPLP, o ministro disse que o Governo criou uma comissão que está a trabalhar na preparação dos dois anos de liderança timorense, “em particular na necessidade de pensar o que fazer para que a CPLP tenha mais sucesso e não seja só uma comunidade de governos, mas haja também participação dos povos”.
A Guiné Equatorial, país liderado por Teodoro Obiang desde 1979 e considerado um dos regimes mais fechados do mundo por organizações de direitos humanos, tem estatuto de país observador na CPLP desde 2006, mas o processo de adesão tem sido adiado, devendo voltar a ser discutido na próxima cimeira da organização lusófona, em Díli, capital de Timor-Leste, em 2014.
Na última cimeira de chefes de Estado e de Governo da CPLP, a 20 de Julho de 2012, a adesão plena da Guiné Equatorial foi de novo adiada e, ao contrário do que tinha acontecido dois anos antes, não foi fixado qualquer prazo para voltar a debater o assunto.
Nessa altura, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Portas, manifestou-se contra a adesão plena da Guiné Equatorial à comunidade lusófona na cimeira de Maputo, considerando que o país não fez “progressos suficientes” nas questões dos direitos humanos.
Lusa/SOL