carlos silva adiantou mesmo: «a ideia é que o cds, que lançou essa sugestão pela voz do seu líder, se vê obrigado a apresentar uma alternativa que tenha os mesmos resultados orçamentais». caso transitoriamente arrumado? sim, pensou-se. não, entendeu paulo portas. que decidiu radicalizar inesperadamente a sua posição no passado fim de semana.
o que terá incitado o líder do cds a extremar a sua exigência de retirar desde já a ‘tsu dos pensionistas’ do relatório da 7.ª avaliação da troika – quando já tinha o compromisso de princípio de passos coelho de a deixar substituir por medidas alternativas? o que terá levado portas ao ponto de quase ter provocado a demissão do primeiro-ministro e a queda do governo? que só a intervenção superior e moderadora do presidente da república terá evitado, já in extremis?
haverá, pelo menos, duas ordens de razões. a primeira é que portas pretendia ter desde já nas suas mãos a bandeira do paladino contra a ‘tsu dos pensionistas’. para assim camuflar a duplicidade da sua posição em relação aos pensionistas da segurança social, nos quais não tolera um corte de 436 milhões de euros, e aos pensionistas da caixa geral de aposentações, nos quais já acha perfeitamente admissível um corte de 740 milhões. e para poder arvorar essa bandeira desculpabilizante no momento melindroso em que se tornarem claros os cortes, que caucionou, de 10% ou mais nos reformados da cga – juízes, militares, professores, médicos, etc. – que irão ver as suas reformas mensalmente reduzidas em 200, 300, 400 euros ou mais.
a segunda ordem de razões é que cabe a portas, como confirmou inadvertidamente o líder da ugt, o incómodo e impopular encargo de apresentar cortes alternativos à ‘tsu dos pensionistas’. tal como lhe cabia a ele a incumbência de dar à luz do dia o célebre guião de cortes estruturais na despesa do estado. que vem adiando de semana para semana. percebe-se bem porquê.
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