Alorna, tão grande e tão formosa

A Quinta da Alorna, com o seu gigantismo e a sua história de muitos séculos, desvenda-nos alguns dos seus néctares de referência.

é uma das maiores propriedades do ribatejo, localizada perto de santarém, e a sua história também se revela grande. com um total de 2.800 ha, 1.900 são floresta onde predominam pinheiros, sobreiros e eucaliptos, a que se juntam 500 ha de culturas agro-industriais e 220 ocupados por vinha.

a quinta da alorna foi criada em 1723 por d. pedro de almeida, o primeiro marquês de alorna, que antes de partir para a índia como vice-rei mandou construir o palácio. nesse país, conquistou a praça-forte de alorna, e foi por essa razão que se deu à propriedade o nome que ela hoje tem. seu filho, d. joão, e a mulher deste, d. leonor távora, foram depois perseguidos e presos (durante 18 anos) pelo marquês de pombal, que os julgou envolvidos no conhecido processo dos távoras. passando por altos e baixos, a quinta tudo ia ultrapassando, desde a guerra civil, até ao período da revolução de 25 de abril de 1974, sendo actualmente administrada pela 4.ª e 5.ª gerações da família lopo de carvalho.

a vinha divide-se pelas castas cabernet sauvignon, alicante bouschet, touriga nacional, chardonnay e arinto, e tem uma produção média anual de 1,85 milhões de litros, representando as exportações 50% do volume de negócios.

foi desta vinha que provámos o marquesa de alorna reserva branco de 2011, que se revelou muito perfumado com predominância de notas de pêssego e nêspera. revelou também alguma baunilha transmitida pelo carvalho francês. na boca mostrou-se longo e macio e acompanha muito bem peixes no forno. partimos depois para o marquesa de alorna reserva tinto 2009, que revelou no aroma frutos silvestres como a amora, um pequeno toque de baunilha e que demonstrou um grande final de boca. acompanha bem carnes de forno, caça e carnes vermelhas condimentadas. por fim, a novidade. o quinta da alorna colheita tardia tinto 2010, feito apenas com a casta tinta miúda. segundo a enóloga marta reis simões fizeram-se muitos ensaios até se conseguir este produto final, que apresenta volume, acidez marcada e doçura a equilibrar. deve ser bebido como aperitivo ou como sobremesa.

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