“somos todos músicos profissionais e estávamos a debater que música seria a mais triste. todos apreciávamos fado, embora soubéssemos pouco sobre o estilo, e acabámos por concordar que seria, talvez, a mais triste”, explica o guitarrista da banda, beau bledsoe, à agência lusa.
quando três destes amigos — os guitarristas beau bledsoe e jordan shipley e a vocalist shay estes — descobriram o interesse comum, perceberam que era a oportunidade que procuravam desde que se tinham conhecido: ter um projecto em comum.
passados 14 meses, os músicos têm no currículo vários concertos esgotados no bar grünauer, em kansas city, que leva cerca de 50 pessoas, preparam o lançamento de um álbum no dia 27 deste mês e acertam os últimos pormenores de uma viagem de um mês a portugal, onde vão actuar durante os santos populares de lisboa e gravar um documentário sobre a viagem de três americanos a descobrir o fado.
“não temos qualquer ligação a portugal, o nosso conhecimento do fado era superficial. no meu caso, conhecia a ‘verdes anos’, do carlos paredes, alguns fados da amália e a música dos madredeus. a shay e o jordan têm um grupo de música brasileira e estudam português, o que os levou a descobrir o fado. mas nenhum de nós tinha tocado fado de forma profissional”, explica o guitarrista.
no verão passado, poucos meses depois de formarem o grupo, a banda de música brasileira de shay e jordan, mistura fina, foi contratado para um casamento de portugueses, onde tiveram de tocar fados, o que acelerou o processo de aprendizagem.
“estamos claramente fora da nossa zona de conforto e a fazer um esforço para que resulte. juntamo-nos todas as semanas para ensaiar e ouvir discos juntos, fazemos pesquisa na internet e em bibliotecas, entrámos em contacto com dezenas de pessoas. tornou-se quase uma obsessão, mas tem sido uma experiência incrível”, garante beau.
a descoberta pode ser acompanhada no blogue do grupo, em que jordan shipley, que passou a carreira a tocar pop e jazz, escreve sobre a reação visceral do público quando ouve fado; shay estes, intérprete de jazz e bossa nova, descreve como cantar fado está a mudar a sua voz e partilha a história dos xailes das fadistas, e beau bledsoe descreve os desafios de encomendar e aprender a tocar a sua primeira guitarra portuguesa.
“sabíamos muito pouco do que estávamos a fazer. começar um projecto profissional, quase do zero, e partilhá-lo na internet tem sido um pouco assustador”, admite.
o grupo prepara agora a viagem a portugal, onde chega a 03 de junho, para participar nas festas de lisboa e durante um mês “aprender com os profissionais do fado como tocá-lo e cantá-lo melhor”, explica beau.
“o objetivo é passarmos de fado novato para fado perito”, brinca o guitarrista, entusiasmado com o português que aprendeu nos últimos meses.
a viagem tem um orçamento de 16 mil dólares (cerca de 12 mil euros) e já conseguiu reunir cerca de 12 mil dólares através de um apoio da fundação seely e doações individuais.
beau diz que “o apoio é, quase exclusivamente, de americanos que se têm mostrado muito entusiasmados com a ideia”.
quando regressarem de portugal, os amigos começam a trabalhar no próximo projecto: uma casa de fados em kansas city.
“achamos que o kansas precisa de uma casa de fados. queremos um local onde possamos convidar artistas de portugal, de outras cidades dos eua, e realizar eventos onde podemos ensinar esta música por que estamos apaixonados”, diz beau bleadsoe.