Histórias Felizes: Design Nacional premiado

Há sempre curiosidade em saber como é a casa de um decorador. Lígia Casanova sabe disso e não tem pudores em mostrar a sua. Aliás é nela que vive, trabalha, faz reuniões, pensa em soluções e olha para o rio do alto do seu terceiro andar, com vista para o Tejo. Quem a vê tranquila…

lígia tem sido das poucas europeias a ser convidada para participar nos prémios internacionais de design – the ring – que todos os anos decorrem na china, promovidos pelo international council of interior architects and designers. desde 2011 já levou para casa uma menção honrosa, um medalha de prata e mais recentemente o galardão de ouro, pelo projecto que assinou no mude – museu do design e da moda – a propósito da apresentação da nova colecção da hermès. “nunca imaginei ganhar, tinha um budget mínimo! até tive que pedir objectos emprestados a um amigo arquitecto paisagista”, relembra. mas como também lhe disseram, no concurso o orçamento é o que menos interessa, o que importa mesmo é a criatividade.

numa cerimónia “como os óscares”, lígia já subiu ao palco três vezes, “ia caindo nas escadas outras tantas, agora já sei que tenho que levantar o vestido!”, brinca. na última gala também tropeçou na língua “quando me chamaram só consegui exclamar ‘não!’ e toda a audiência ficou estática num silêncio sepulcral do género ‘não quer o prémio?!’”. mas depois avançou: “ouro! não acredito!”.

desde 1995, altura em que aceitou – relutantemente – o primeiro projecto de decoração já tornou muitos clientes amigos e vice versa. “sempre disse que não faria projectos de interiores – não era a minha área – mas um amigo insistiu e lá fiz um para a casa dele. depois fiz para a casa da irmã, da sogra, da mãe e por aí fora…”. desde então não pára, com projectos residenciais e comerciais, além de participações na casa décor e nos britânicos andrew martin design awards. rendida à decoração, não abandona a sua máxima: ‘fazer espaços que tornem as pessoas felizes’.

mãe galinha

apesar do sucesso no mundo do design de interiores, a decoradora é formada em design gráfico pelo iade, tendo trabalhado para agências de publicidade como a abrinício em lisboa ou a wolf ollins em londres. foi o apelo da maternidade – lígia tem três filhos, agora já adolescentes – que a fez deixar o mundo das agências e dedicar-se ao trabalho freelancer, em casa. “queria ter tempo para os meus filhos, para vê-los crescer. foi uma decisão difícil porque eu gostava do trabalho em agência. há o stress bom e o stress mau e eu adorava o stress bom”, reconhece. por isso mesmo, nunca deixou completamente de fazer trabalhos no mundo da publicidade, vídeos incluídos. só para a unitel, em angola, já fez oito. e como tem os olhos postos no oriente, garante que até ao fim do ano vai implementar um projecto para que “os designers portugueses possam ser reconhecidos lá, como eu fui. a china é uma óptima ponte para a austrália, nova zelândia e até para o japão”, afirma já com os olhos postos no império do sol nascente.

patricia.cintra@sol.pt