depois cansou-se e quis ir para o kung fu. mudou de ares e aliou a flexibilidade que ganhou na ginástica com os novos movimentos dados pelas artes marciais. até que na escola espaço dança no porto, onde tinha aulas, uma professora o desafiou para participar como figurante nalguns espectáculos. «havia falta de rapazes e como eu sempre gostei do palco, disse logo que sim», lembra.
nessa altura, já tinha 10 anos e o kung fu foi imediatamente substituído pelo ballet. «no início os meus colegas da escola tinham alguns preconceitos, mas agora até me apoiam e gostam de saber coisas e eu acho que isso é bom». não é de estranhar. rodrigo tem feito uma carreira fulgurante. num total de 350 semifinalistas em paris, onde prestou provas em novembro, chegou às finais em nova iorque, onde atingiu o 11.º lugar a nível mundial, sagrando-se como o único bailarino europeu a concurso, numa competição que reúne os melhores do mundo dos 10 aos 19 anos.
de tal maneira o júri ficou de olho nele que na viagem de regresso para portugal já trazia na bagagem um convite para integrar o quadro dos alunos do rock ballet school em filadélfia, bolsas de estudo para o ano lectivo 2013/2014 nas escolas bolshoi eua e harid american ballet conservatoire. aconteceu o mesmo quando foi às semifinais em paris, onde foi agraciado com uma bolsa para o viena state opera house e bolsas de estudo para os cursos de verão do american ballet theatre e do princess grace ballet monaco.
«agora tenho que escolher o que é possível fazer porque como não há apoios para o ballet em portugal, as bolsas pagam os cursos mas os meus pais têm que pagar o alojamento, a alimentação e as deslocações», lamenta. resumindo, são 2.000 euros em média por mês que a família pinto tem que despender para o rodrigo continuar o seu sonho. «é frustrante para ele porque se está a esforçar e gostava de continuar e nós porque gostávamos que ele beneficiasse do que está a ganhar e muitas vezes estamos naquele impasse ‘filho não sei se vais conseguir ir’. não é fácil», reconhece a mãe isabelle.
mas rodrigo parece ter a cabeça no sítio. sabe dos sacrifícios que a família faz para ele continuar a seguir o seu sonho e diz que irá aonde for possível. o ideal seria o ensino integrado em portugal, mas lembra: «só temos a companhia nacional de bailado e é já para bailarinos profissionais…». apesar das dificuldades, rodrigo não desiste. treina todos os dias entre duas a três horas «e o dia todo quando estou de férias e para me preparar para os concursos». e, se pudesse escolher, iria para a «new york city ballet, uma companhia muito promissora com bailarinos de alto nível…».
[corrigida a 11-6]