“fiquei feliz por fazer hoje o exame, é menos um fardo, porque tenho exame de história de arte na sexta-feira”, contou à lusa marta queirós, 17 anos.
a estudante estava radiante porque, além de ter conseguido fazer hoje o exame, tinha também estudado grande parte da matéria que saiu na prova, designadamente fernando pessoa e os heterónimos ricardo reis e alberto caeiro.
na escola secundária soares dos reis deveriam ter-se realizado exames em 17 salas de aula, mas tal só aconteceu em 12 salas.
“quando é que agora terei exame”, questiona-se, em alta voz, sofia silva, uma das alunas indignadas por não ter conseguido fazer hoje o exame de português e que definiu como “injusto” o facto de a chamada dos estudantes ser por ordem alfabética.
“sinto-me injustiçada por não ter feito o exame e estou preocupada porque agora tenho mais quatro exames seguidos e é um stress acrescido ter que fazer mais o de português”, explicava à lusa aquela aluna, com batom vermelho nos lábios.
rita pinto, 18 anos, também não teve oportunidade de realizar o exame de português, um facto que a deixou frustrada, porque andou a “estudar a semana inteira”.
“eu queria fazer o exame. estou frustrada porque isto podia ter sido melhor organizado, se o governo tivesse sido mais flexível”, lamentou a estudante rita pinto, afirmando que compreende os professores e classificando o impedimento de fazer o exame como “uma luta de poder” entre docentes e governo.
os professores, que começaram por fazer uma greve ao serviço de avaliações, decidiram agendar uma paralisação geral para hoje para contestar o regime de requalificação profissional e a mobilidade geográfica proposta pelo governo, bem como o aumento do horário de trabalho de 35 para 40 horas semanais.
face à ausência de acordo entre governo e sindicatos, um colégio arbitral decidiu pela não realização de serviços mínimos.
o ministério da educação ainda recorreu da decisão, mas não obteve resposta em tempo útil.
a greve aos exames sucede-se a uma manifestação, realizada sábado, em lisboa, na qual participaram, segundo os sindicatos, 50 mil professores de todo o país.