“a cereja do fundão tem duas coisas que fazem dela uma cereja de grande qualidade: uma é ter um excelente teor de açúcar porque o microclima da cova da beira é extraordinário para o seu cultivo; outra é que as suas polpas têm boa consistência”, esclarece paulo fernandes presidente da autarquia do fundão. ora as actividades para degustar e promover este fruto já começaram e vão estender-se até julho. a sessão inaugural teve lugar a semana passada em alcongosta, considerada “a capital nacional da cereja”, uma aldeia na serra da gardunha encaixada nos cerejais, onde se comeu muitas cerejas em fruto, em doce, em pastéis e em muitas outras modalidades típicas da região. mas as iniciativas prosseguem e para os que querem ter uma ligação mais profunda à terra, os pomares estão abertos para apanhar e comer as cerejas directamente das árvores. esta iniciativa não é nova e tem ligação a uma outra que decorre durante a época das cerejeiras em flor. nessa altura o convite é para ‘piquenicar’ no cenário das árvores floridas da gardunha. “este ano até fizemos uma conexão com o mercado japonês que tem a sua festa nacional relativa à afloração da cerejeira e tivemos a comunidade japonesa em portugal, através da embaixada do japão, a fazer os seus piqueniques aqui nos nossos pomares”, relembra paulo.
é a piscar o olho ao estrangeiro que esta semana as cerejas beirãs rumam a macau e a paris. no primeiro caso, vão ter lugar acções gastronómicas na casa de portugal pelo chefe fausto airoldi, apresentações de vinhos e uma festa de são joão com os produtos da região. em paris vai haver uma verdadeira celebração da cereja no âmbito das comemorações são joaninas. “no caso de paris, o ‘mercado da saudade’ tem muita importância para o conjunto dos nossos produtos agro-alimentares. e macau é a grande porta de entrada dos produtos portugueses para a china e nesse sentido tem vindo a ser feita uma aposta constante nesse mercado”, refere o autarca. em vista já estão também acordos com o médio oriente e até com o japão.
quem não apanhar este comboio – porque a cp tem até julho uma linha especial para a região (todos os sábados até 6 de julho) – pode desfrutar as cerejas em vários pontos do país, nomeadamente nas lojas aldeia do xisto, em aveiro e coimbra, em 45 áreas de serviço de norte a sul, no mercado medieval de óbidos, em julho, nos ‘quiosques da cereja’ em lisboa, sintra, oeiras, cascais, peniche e óbidos.
a capital acolhe também importantes certames a começar já neste sábado com a festa do japão em lisboa, que tem lugar nos jardins de belém. neste evento, além de cerejas, há recitais de poesia e uma exposição de pintura japonesa segundo a técnica tradicional sumi-ê. e até ao final do mês há receitas de cereja para provar um pouco por todo o lado. os chefes joachim koerper do restaurante eleven, nuno bergonse do ministerium terreiro do paço, vítor sobral da tasca da esquina, miguel castro e silva de o largo, e luís casinhas do laurentina aceitaram o desafio de confeccionar uma receita com as cerejas da cova da beira. quem também quis participar foi a santini que durante o mês de junho vai ter disponível o sorvete de cereja nas suas lojas do chiado, cascais e são joão.