a iniciativa partiu da columbia tristar warner, produtora da película, que juntamente com o moinho da juventude (associação cultural do bairro), foi bater porta a porta para saber se os moradores se importavam que as suas casas fossem pintadas da azul (a cor dos desenhos animados) para assinalar o dia dos smurfs. e qual não foi o espanto quando foram acolhidos de braços abertos.
“as reacções foram muito positivas. já há muitas outras pessoas a dizer ‘por favor, pintem também a minha casa!’ mesmo não tendo nós orçamento para pintar depois tudo de branco outra vez!”, conta andré taxa da produtora do filme. até houve uma senhora que, apesar de ter pintado a sua casa recentemente de amarelo, quis aderir à iniciativa e até acolher o graffiti da smurfette “porque somos as duas louras!”, avançou.
toda a comunidade se mobilizou. os mais velhos dedicaram-se às pinturas, à montagem de andaimes, à limpeza do bairro e a todos os trabalhos mais pesados. para as crianças, como william e jayson, de seis anos, o que interessa é terem os fatos prontos para o grande desfile de hoje.
“está tudo muito fixe”, dizem com um grande sorriso enquanto as colegas treinam os passos do desfile para mostrarem as suas criações – inspiradas nos smurfs, claro está – para a passagem de modelos de sábado. mas há mais, na sala ao lado afinam-se vozes com o monitor valter fortes que está a preparar um tema house sobre o bairro para ser apresentado no evento.
“as pessoas aqui já estão habituadas a coisas tradicionais, por isso quisemos fazer uma coisa totalmente diferente”, avança. e a turma grita: “vamos gravar um cd!”. na verdade vão gravar a música num cd que poderão levar para casa, mas isso já é outra história… certo é que todos vão à ante-estreia do filme, dia 28 de julho no colombo, e a seguir partem para uma semana de férias na praia.
mas à medida que o bairro se veste de azul – para isso muito contribuiu a ajuda dos graffiters locais utopia e tazi – a festa cola-se a outra já habitual por aquelas andanças: a kola san jon, “um cruzar de culturas dos escravos africanos e dos portugueses que colonizaram as ilha de cabo verde, como se pode testemunhar no cortejo, pela presença dos barcos que simbolizam as caravelas portuguesas e os barcos de pirataria que assolavam as ilhas” esclarecem os monitores do moinho, bitas, melany e mhela.
e, adiantam, “o cortejo é uma demonstração da criatividade e do djunta mon [juntar as mãos] desta comunidade que manteve viva esta expressão cultural, que transpôs fronteiras e que hoje é uma festa de todos nós”. e para fazer jus a este espírito de união, vai haver um concurso de cachupa, muita música e dança. tudo hoje. e está toda a gente convidada. smurfs incluídos.