Crise arrasa media gregos

São mais de mil os jornalistas que perderam o emprego na Grécia, só este ano. “Nos últimos seis meses ficaram desempregados 1.237 membros da união grega dos sindicatos dos jornalistas. Mas este número não contabiliza os profissionais que não são sindicalizados, o pessoal técnico e outro tipo de recursos humanos do sector da comunicação”, explica…

o número corresponde a 13% dos jornalistas com ligação aos sindicatos – cerca de 9.500. e no desemprego poderão ficar também os cerca de 2.700 trabalhadores da estação pública de televisão e rádio, cujo futuro é ainda incerto, apesar de o supremo tribunal administrativo da grécia ter anulado, esta semana, o encerramento da ert.

“a decisão do conselho de estado não teve nenhum efeito. não há nada palpável. só mesmo palavras, porque o governo mantém a sua posição. por agora, todos os trabalhadores da estação estão no desemprego”, realça a mesma fonte, para quem as reuniões com o ministro que tutela a comunicação e as sucessivas greves no sector não resultaram “em reforma alguma para o audiovisual”.

eurovisão na expectativa

na grécia, existem três principais canais de televisão públicos e quatro grandes canais generalistas privados, de um conjunto de 14 em sinal aberto.

o canal público com maior audiência chama-se net, alcançou um total de 7,6% de share (dados do observatório europeu do audiovisual) e está actualmente disponível por satélite através do canal digital da eurovisão em atenas.

“o governo está agora legalmente obrigado a assegurar um serviço público na grécia até estabelecer uma nova empresa de rádio e televisão”, afirma ao sol fonte oficial da eurovisão.

no entanto, na sede da eurovisão, na suíça, aguarda-se com expectativa a criação dessa empresa. “estamos ansiosos para ver se a nova organização é fundada de acordo com valores importantes como a independência, a transparência, o pluralismo e a estabilidade financeira”.

o governo grego já referiu que a nova estação pública será “um organismo público, moderno, com muito menos pessoal” e chegou a falar-se na criação de uma tv e rádio com apenas 50 funcionários. “será muito difícil conseguirem fazê-lo, se o objectivo for obter bons resultados”, diz ao sol sotiriou antiopi, jornalista do canal star, um dos quatro privados mais importantes do país, onde trabalham cerca de 250 pessoas, entre jornalistas, técnicos e outros funcionários.

o star alcançou um total de 10,4% de share em 2011, num país em que as audiências estão muito fragmentadas. aliás, segundo valores divulgados pelo observatório europeu do audiovisual, o canal mais visto na grécia, nesse ano, alcançara 20% de share, enquanto o conjunto dos canais públicos chegara aos 13,3%.

estado com menos 3 canais

a reforma do serviço público de televisão na grécia só agora teve eco internacional, mas a crise na empresa ert já existia desde 2010, quando foram feitas alterações na administração.

o governo de antonis samaras acusou a estação pública de ser “um caso de extraordinária falta de transparência e de incrível esbanjamento”, por isso, há pouco mais de um ano foram encerrados três canais digitais do estado – um generalista, um de desporto e outro de cinema –, devido a cortes orçamentais.

à polémica da ert, que o primeiro-ministro insiste em não reabrir – e que já levou à saída do governo dos menores partidos da coligação –, juntam-se alterações no sector do audiovisual, que assiste à passagem definitiva do sinal analógico para o digital até final de junho.

francisca.seabra@sol.pt