as notícias de declaração de 2011 como ano vintage têm-se sucedido. foi um ano excepcionalmente seco, mas as chuvas que caíram de outubro a dezembro de 2010 foram tão abundantes que permitiram boas reservas de água no subsolo do douro. o evoluir das condições meteorológicas começou, entretanto, a anunciar que a vindima arrancaria mais cedo, mas estudos feitos em meados de agosto mostravam que a maturação estava ainda atrasada.
mas aconteceu um milagre, o grande segredo para este ano espantoso. a chuva caiu no douro em 21 de agosto de 2011, para voltar a fazer a sua aparição nos dias 1 e 2 de setembro. isto fez com que se recuperasse o atraso e abriu-se caminho para uma maturação ideal, com os açúcares e a acidez a desenvolverem-se de forma harmoniosa e equilibrada. as vindimas foram adiadas uma semana e o bom tempo que as acompanhou fez com que a touriga franca, uma das castas estruturantes de cada vinho do porto e que tem uma maturação tardia, registasse grande performance.
para a família symington, produtora de vinhos do porto desde 1882, e para o seu enólogo responsável, charles symington, foi a oportunidade para, em face dos grandes níveis de qualidade, declararem 2011 como ano vintage, apresentando cinco portos vinificados em lagares e com todas as uvas a terem origem em vinhas próprias da família, o que aconteceu pela primeira vez.
principiamos pelo graham’s porto vintage 2011 do qual se fizeram 8.000 caixas com uvas fornecidas da quinta dos malvedos, mas também da quinta do tua, da quinta da vila velha, da quinta das lages e da quinta do vale de malhadas. mostra delicados aromas de violetas e fruta vermelha madura, na boca é vigoroso e as uvas da quinta do vale de malhadas, com os seus taninos firmes, irão contribuir para uma grande longevidade.
graham’s the stone terraces foi o segundo vinho que provámos. com uma produção de apenas 3.000 garrafas feitas com uvas de duas pequenas parcelas (orientadas a este) em socalcos de xisto na quinta dos malvedos. é um vinho muito floral, harmonioso, de grande poder e elegância.
já o dow’s (5.000 caixas)apresenta um estilo mais seco, mais austero, igualmente aromático e floral. na boca mostra figos frescos, característica das uvas da quinta do bonfim. possui notável mineralidade e um longo final.
quanto ao quinta do vesúvio (1.250 caixas) mostra-se poderoso, musculado, com notas de mirtilo e taninos apimentados. é um vinho que reforça bem a elegância aveludada, característica desta quinta.
finalmente, provámos o quinta do vesúvio capela (2.400 garrafas) que se revelou intenso na boca, com os taninos apimentados bem integrados. aromas lenhosos dados pela casta sousão, muito bem conjugados com os perfumes florais da touriga franca. l
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