aparecendo ao país numa declaração de 64 minutos centrada na sua moção de estratégia e transmitida em directo por várias televisões. esta intervenção de fundo serviu para aumentar de dois para três os seus tempos de antena mediáticos proporcionados pelo congresso de 6 e 7 de julho. além disso, permitiu a portas transmitir três ideias que merecem registo.
aprimeira é a reafirmação clara de que o país precisa de um governo estável e de que o cds se oporá a uma crise política antecipada. não haverá, pois, mais tsu, pensões, impostos, orçamentos ou autárquicas a ameaçar rupturas na coligação. ficamos todos mais descansados.
a segunda é a transformação do cds no maior apoiante político do presidente da república (com mais entusiasmo até do que o próprio psd…) quando este enfrenta uma fase difícil de popularidade. são várias as referências elogiosas de portas às chamadas de atenção e discursos de cavaco silva. ficamos todos com um sorriso perante tal evolução.
aterceira é a pulsão a que portas não consegue resistir de tirar o tapete ao seu parceiro de coligação e de governo. o líder do cds descarta responsabilidades, demarcando-se do memorando da troika que, por acaso, até assinou… mas «não ajudou a definir» (como fez o psd). atira o ónus das más decisões e medidas mais impopulares para cima de passos e gaspar, como «a tsu à custa dos rendimentos do trabalho» ou «a tsu dos pensionistas» que o cds rejeitou. chama a si, com o maior descaramento, os louros do governo e, «sem procurar ser exaustivo», enumera 25-medidas-25 que têm «a impressão digital do cds»: dos genéricos ao iva de caixa, passando pela suspensão do tgv. e termina propondo «o desagravamento do irs», entre outras benesses e reformas – que, a cumprirem-se, será por mérito seu e, a não se cumprirem, será por incapacidade ou bloqueio de passos, de gaspar e do psd em geral.
paulo portas tem um apurado sentido de gestão do espaço político. perde-se é nos excessos de encenação e de presunção.
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