já se fala, imagino que por maldade, numa campanha contra o biberão. ninguém discute os benefícios do leite materno, desde que dado por mães em boas condições de saúde e, de preferência, bem alimentadas, mas amamentar os filhos ser obrigatório por lei é de loucos. ainda estão por provar as boas intenções do governo por trás desta lei prepotente. a venezuela, apesar do petróleo, ou quem sabe se por causa dele, vive uma crise enorme de produtos alimentares. o gaspar lá do sítio deve ter tido esta ideia hipócrita de defesa da saúde dos recém-nascidos para aliviar as importações. não há dúvidas de que o pior inimigo da liberdade nos dias que correm é a crise económica. venezuelanas, mulheres, irmãs, digam não à nacionalização das mamas.
imprestável
o multimilionário charles saatchi chega aos 70 anos a apertar o pescoço à mulher, a chef nigella lawson, numa mesa de um restaurante. a seguir à cena fotografada por um paparazzo, nigella lawson saiu dali em lágrimas. há testemunhas que referem o pânico de nigella lawson, que falava com a voz trémula e até beijara o agressor para o tentar acalmar. segundo testemunhas no local, saatchi apertou o pescoço da mulher quatro vezes. o objectivo seria revelado pelo próprio saatchi numa declaração ao london evening standard: «estávamos a ter uma discussão acesa por causa das crianças e agarrei várias vezes no pescoço da nigella para tentar marcar a minha posição». ah, já podia ter dito! é perfeitamente normal uma pessoa querer esclarecer as suas ideias numa discussão agarrando o pescoço da outra. não se chama é conversa ao acto de estrangular o próximo. por mais a propósito que seja. é mais chamar a polícia e depressa.
a igualdade não é para todos
a noruega é o primeiro país da nato a instituir o serviço militar obrigatório para as mulheres. deveres e direitos devem ser os mesmos para todos, diz o responsável pela lei, a deputada trabalhista laila gustavsen. «as forças armadas têm de ter acesso aos melhores, independentemente do género». e quem diz forças armadas, diz galp ou pingo doce. na noruega, as sociedades anónimas são obrigadas a ter pelo menos 40% de mulheres nos seus conselhos de administração. mas quotas mínimas e melhores recursos à parte, a questão do serviço militar obrigatório, seja qual for o género, é que me faz espécie. até hoje tinha ficado com a ideia de que as forças armadas profissionais eram a melhor garantia de eficiência. existem com certeza pessoas que nasceram para isso. mas não posso deixar de pensar em mim, se naquela idade adequada à tropa me tivessem convocado para tal tarefa. chego sempre à mesma conclusão: sou uma objectora de consciência no armário.
onde está?
a notícia de que o consumidor de refeições prontas foi aldrabado mais uma vez levou-me a suspirar de novo pela asae. sempre gostei dessa instituição que zela pela saúde pública. gosto da asae, mesmo apesar das mariquices das bolas de berlim na praia e das colheres de pau nos restaurantes. é certo que a asae pode ter abusado da perseguição aos detalhes, mas também não era para desaparecer assim do mapa como se fôssemos um país de santos. a deco reclama pela falta de inspecção regular e eu acompanho a indignação pelo menos nas saudades de ver os inspectores a bisbilhotar pacotes de comida com a garantia de qualidade do produto português. pois deve ser. o meu coração bate com força pela asae. acabem com tudo. fechem escolas e hospitais. mas não se esqueçam de que sem os senhores inspectores mais queridos da asae acabamos a comer carne de cavalo e peixe caracol (só o nome dá náuseas). assim não há país que resista nem crise que acabe.
a jeito
edward snowden trabalhava para a cia e um dia resolveu dizer ao mundo que o governo americano espiava os seus cidadãos através de um programa de nome prism. o mundo agitou as mãozinhas no ar como se o soubesse há muito. o tempo da inocência já lá vai. a partir do momento em que percebemos que o facebook reconhece ‘amigos’ que são de facto nossos amigos na vida real que sabemos que uma espécie de espião ‘foi buscar’ os contactos ao nosso computador ou telefone. se associarmos o instagram ao facebook, mais contactos virão. como sabem tanto? porque usam um mecanismo qualquer de espionagem. pode ser inócua, mas pode não ser. o washington post fez uma lista com cinco mitos sobre privacidade. o mais importante é o que diz que não há mal nenhum em espiar inocentes que não têm nada a esconder. mas será que passámos a tomar banho com a janela aberta? o que aconteceu ao velhinho ‘não tens nada a ver com a minha vida’ no telemóvel que quisemos tanto ter?