segundo os despachos de cancelamento dos swaps enviados aos deputados (ver quadro), o goldman sachs aceitou 62 milhões de euros do governo para anular swaps que valiam, no conjunto, 115 milhões de euros, uma taxa de desconto de 46%. porém, a grande maioria dos bancos aceitou apenas reduzir em 30% o valor final destes activos.
o governo pretende pagar 1,5 mil milhões de euros para reduzir para metade as perdas potenciais dos swaps, orçadas em três mil milhões, tendo desembolsado até agora cerca de mil milhões de euros.
a anulação dos activos mais tóxicos pretende ‘limpar’ o balanço das empresas que estavam mais expostas e que o governo pretende vender ou concessionar. a águas de portugal (adp) está no plano de privatizações da troika e a concessão das empresas de transporte está em discussão.
do ‘bolo’ das perdas potenciais de três mil milhões de euros, o metro de lisboa e do porto foram responsáveis por 60% deste (cerca de dois mil milhões de euros) com operações de grande risco onde o juro atingia, num dos casos (um swap do metro do porto), mais de 26%.
estas operações abrangiam 21 instituições dominadas por grandes bancos internacionais, onde se destacavam o deutsche bank, o barclays, o jp morgan e o santander. este último detém 40% das perdas potenciais e é o único onde o governo ainda está a negociar a anulação dos swaps.
no centro da polémica deste processo está maria luís albuquerque, actual secretária de estado do tesouro e umas das responsáveis pela gestão do dossiê dos swaps. o facto de ter sido administradora financeira da refer entre 2001 e 2007, um período onde contratou 15 swaps, tem levantado várias críticas por conflito de interesses. dos quinze swaps da refer, seis deles venceram até 2012 e os restantes nove tiveram destinos diferentes: três desapareceram da análise feita pelo governo, quatro foram mantidos e dois deles eliminados (um custou 20 milhões de euros a anular e o outro chegou mesmo a dar 8 milhões de lucro ao governo).