como estão as vendas em portugal?
não posso quantificar, mas reflectem o comportamento do mercado de retalho alimentar e não-alimentar, cujos números são conhecidos [quebra de 1,9% no total do sector e de 6,4% no não-alimentar, em 2012]. temos de estar conscientes do momento complicado que atravessamos e das adaptações a fazer na nossa estrutura. mas não nos recursos humanos: aí ainda não tivemos de tomar nenhuma atitude e não prevemos despedir. entendemos que devemos investir no crescimento e não devemos baixar os braços nesta fase. em 2014, a ikea faz dez anos em portugal e queremos comemorar com os clientes.
com mais promoções?
não necessariamente. a ikea não se pauta por uma política de promoções permanentes. ao longo desta década, investimos cerca de 20% em redução de preço. quem comprou uma cadeira na loja de alfragide há dez anos, hoje compra-a mais barata. essa política faz parte da nossa ideia de negócio. e agora mais do que nunca. temos de acentuar essa imagem. ainda não posso dizer se o investimento em preço no próximo ano [na ikea, o ano fiscal começa a 1 de setembro] vai ser 1%, 2%, 3%, mas vamos continuar a fazê-lo.
com as vendas a cair, como têm contornado a crise?
pertencendo a um grupo internacional tão sólido, a ikea dispõe de autonomia financeira para investir. acreditamos neste mercado e a nossa ambição é crescer. a altura é complicada, mas não invalida os nossos investimentos, daí o nosso plano de expansão. este ano investimos 1,15 milhões de euros na reformulação da secção de complementos de decoração da loja de matosinhos. no ano passado, fizemos o mesmo em alfragide e no próximo ano vamos reformular o showroom.
já afirmou que portugal era um mercado prioritário. continua a ser?
sim. em portugal, temos todo o processo, desde a produção nas três fábricas em paços de ferreira à ikea trading, a unidade responsável por compras a fornecedores locais. no ano passado, adquirimos cerca de 200 milhões ao mercado nacional. possivelmente esse valor vai aumentar em 2013. compramos em portugal desde 1974. temos ainda as lojas ikea e o centro comercial. não investiríamos assim se não acreditassemos no potencial do país.
mantêm o plano de investir 1,1 mil milhões de euros em portugal, ainda que a conclusão tenha passado de 2015 para 2020?
sim, mantemos o calendário e o montante. do total, já investimos 50%, tendo em conta as fábricas de paços de ferreira e o centro comercial mar shopping, em matosinhos. temos uma capacidade produtiva muito significativa em portugal e 92% da produção é para exportação. a matéria-prima adquirida no mercado nacional supera os 50%. são cerca de 1.500 postos de trabalho.
em 2020 vão ter as sete lojas previstas?
no que depender da ikea, sim. mas, por vezes, há investimentos que não fazem sentido num certo momento e atrasá-los dois ou três anos é mais assertivo estrategicamente. estamos a encontrar as localizações mais adequadas. a nossa intenção seria ter duas lojas no norte do país [já existe uma em matosinhos]; três na região de lisboa [já estão em alfragide e loures e a terceira deverá ser na margem sul, mas o local não está definido]; uma em coimbra; e uma no sul, que será a de loulé.
prevêem abrir no algarve em 2014. em que fase está o projecto?
ainda não começámos a construir. vai ter uma loja ligada a um centro comercial, tal como no mar shopping, e um retail park. estes abrirão a seguir à loja mas não consigo precisar quando. o investimento total aproxima-se dos 200 milhões de euros e estimamos criar 3.000 postos de trabalho directos e indirectos neste complexo. cada loja, dependendo da dimensão, emprega entre 300 a 600 colaboradores.
abrirá em plena crise…
sabemos que é forte no turismo e segundas habitações. acreditamos que vamos ter retorno. neste momento, nas três lojas já conseguimos ter 10 milhões de visitas por ano e há necessidade de chegarmos a mais portugueses. se a altura é a mais adequada? cremos que sim. a crise há-de passar. do ponto de vista do negócio da ikea, portugal foi um dos primeiros países a ser afectado, por ser mais vulnerável. mas não somos excepção, a par de frança, itália, espanha. se fomos dos primeiros a entrar neste ciclo, acredito que vamos ser dos primeiros a sair.
chegaram a ter terrenos comprados em gaia mas cancelaram esse projecto. já têm alternativa?
continuamos a querer ter uma loja na região. e poderá ser gaia ou não. ainda não escolhemos.
em coimbra, já compraram terrenos?
já temos um terreno, mas ainda não há calendário nem projecto, porque a nossa prioridade é loulé. mas há os trâmites normais, como pedidos de informação prévia, consulta de entidades.
como estará a ikea portugal daqui a outros dez anos?
antevejo um desenvolvimento tecnológico exponencial. se calhar já não vamos ter um lápis nem uma folha para apontar as referências dos artigos. se calhar as etiquetas dos preços não vão ser como hoje e será possível fazer alterações virtuais em cada ambiente que expomos. também haverá um desenvolvimento muito significativo do comércio electrónico. começámos com uma experiência e só quanto tivermos a gama toda disponível online é que teremos realmente e-commerce. vai ser uma parte significativa do nosso negócio e é uma tendência, mas não põe em causa o conceito das lojas ikea que, acredito, continuarão a existir fisicamente. temos muitos artigos que geram compras por impulso e esses podem ser mais facilmente transaccionáveis online. mas adquirir uma cozinha não é tão simples. será sempre preciso que haja proximidade entre produto, desejo e necessidade.