Swaps custam 71 milhões à Carris

Os contratos de Swap obrigaram a Carris a encargos de 71,3 milhões de euros entre 2009 e 2011. Só nesse ano, os gastos com este tipo de financiamento foram de 32,9 milhões, fazendo disparar os custos financeiros totais suportados pela transportadora pública, o que poderá “asfixiá-la totalmente”, concluiu uma auditoria do Tribunal de Contas (TC).

o tc alerta que “sem uma solução para a situação de endividamento em que a empresa se encontra, não é certo que seja possível a actividade da empresa ter viabilidade no futuro”, até porque a indemnização compensatória dada pelo estado tenderá a diminuir como já aconteceu em 2012, quando teve um corte de 63%.

a melhoria de resultados operacionais será “vã e mais que absorvia pelos crescentes custos financeiros que irão, se nada for feito, asfixiar totalmente a empresa”.

por isso, recomenda medidas de saneamento financeiro e que o governo negoceie com as entidades financeiras envolvidas para “resolver, ainda que parcialmente, os elevados encargos incorridos com os contractos de swap negociados pela empresa”.

de acordo com o relatório, “os custos financeiros suportados pela carris ameaçam a sustentabilidade financeira da empresa. o agravamento destes custos reflectiu-se no valor contabilizado em 2011, 51 milhões de euros. isto traduziu-se num agravamento significativo face aos anos anteriores, quando o seu montante atingiu 30 e 32 milhões de euros para 2010 e 2009. a dificuldade de refinanciar a dívida de longo prazo vencida, assim como as perdas avultadas nos contractos de swap, estiveram na base deste aumento dos gastos de financiamento em 68,8%”.

o tc explicita que em 2005, 2006 e 2007, estes instrumentos de cobertura de risco geraram, fluxos financeiros líquidos positivos de 1,6 milhões de euros, 5,5 milhões de euros e 9 milhões. “com a descida das taxas de juro em 2009, o fluxo financeiro líquido foi de -5,0 milhões de euros, em 2010, de -15,6 milhões de euros e em 2011 de -13,8 milhões de euro”.

este cenário traduziu-se num “encargo adicional de montante assinalável” para a empresa pública, que acabou por, em 2011, anular os 15,2 milhões de euros de resultados operacionais alcançados em 2011.

“foram absorvidos pelos custos financeiros que a empresa teve de suportar, empurrando os resultados líquidos para valores negativos em 29 milhões de euros”, mostra a auditoria.

ana.serafim@sol.pt