SOL&SOMBRA

O mais e o menos da semana visto por José António Lima.

sol

passos coelho

no meio do pandemónio em que vítor gaspar, paulo portas e, agora, cavaco silva converteram a crise política do país, o primeiro-ministro tem-se distinguido por qualidades que têm manifestamente faltado aos outros responsáveis: sentido de responsabilidade e presença de espírito. foi rápido e sucinto a recusar a demissão de portas, lúcido e realista a encontrar uma solução reforçada de governo, contido e resiliente a reagir às divergências com belém e às invectivas da oposição. passou, porventura, o teste mais difícil à sua capacidade de liderança e ganhou respeito e confiança em vários sectores.

d. manuel clemente

tomou posse como novo patriarca de lisboa assinalada com uma missa no mosteiro dos jerónimos presenciada pelos principais responsáveis do estado. além dos aplausos e elogios de que foi alvo, fez questão de marcar o momento com declarações e entrevistas onde sublinhou as preocupações da igreja com os problemas sociais, em particular o desemprego, e pediu responsabilidade aos políticos. homenageado no porto e aclamado em lisboa, o novo patriarca inicia funções com expectativas altas.

&sombra

álvaro santos pereira

se o presidente quis colocar todo o governo a prazo, o ministro da economia encontra-se ainda mais a prazo do que os outros ministros. é ele o único já com guia de marcha e o principal sacrificado aos equilíbrios partidários da remodelação governamental acordada entre passos e portas. soube bater-se, nos últimos meses, por medidas que estimulem o crescimento da economia – contra os ortodoxos da austeridade – e melhorou a sua imagem pública. mas de pouco lhe valeu, acabando por ser a vítima útil desta crise do governo.

cavaco silva

acrescentou maior instabilidade e indefinição à crise política, adiando os problemas em vez de os resolver. aproveitou a ocasião para se demarcar do governo e melhorar os seus índices de popularidade. mas só tem duas saídas possíveis: um esdrúxulo governo de iniciativa presidencial que dificilmente resistiria seis meses até cair por falta de apoios; ou recuar e perder autoridade, aceitando a continuidade do governo psd/cds. para a sua imagem, nenhuma das saídas é boa.