é a primeira ‘factura’ da crise política das últimas duas semanas e, ao contrário das quedas na bolsa e subida dos juros da dívida, vai mesmo ter de ser paga pelos contribuintes portugueses: seis milhões de euros. este foi o montante que portugal pagou a mais em juros na primeira emissão de dívida após a demissão de vítor gaspar, face a operações semelhantes antes da crise.
na quarta-feira, o tesouro regressou aos mercados e vendeu 1,2 mil milhões de euros de dívida pública a um ano, com os investidores a cobrarem um juro de 1,72%. esta taxa foi muito superior ao juro de 1,23% que o mercado pediu a 15 de maio, data da última venda de dívida com um prazo de um ano.
portugal terá assim de pagar 20,6 milhões de euros em juros pela operação desta semana, quando há dois meses conseguiu arrecadar o mesmo montante e pagar 14,6 milhões de euros em encargos com juros. contas feitas, a ‘penalização’ dos mercados pela crise política das últimas semanas vai custar aos contribuintes cerca de seis milhões de euros extra.
até final do ano, o tesouro tem agendadas quase uma dezena de emissões de dívida de curto prazo (de três meses a um ano) num total de oito mil milhões de euros. estas operações poderão sair mais caras do que o previsto se a crise ou a desconfiança dos investidores se mantiver – os juros da dívida pública continuam acima dos 7% no prazo de dez anos.
a emissão desta semana marca igualmente uma inversão na queda dos juros cobrados a portugal que se verificava no último ano, desde que o bce assegurou que o euro não iria acabar, no verão de 2012.
a taxa de 1,7% foi a mais alta de todas as emissões a 12 meses feitas no último ano, mas ainda assim menor que a média de 3,5% de juro que era pedido pelos investidores no pico da crise do euro, entre finais de 2011 e meados de 2012.