com o 1.º pilar da proposta presidencial, teríamos eleições antecipadas em setembro ou outubro de 2014 e um governo – até lá – ferido de morte, arrastando-se sem autoridade nem ânimo para tomar medidas difíceis ou reformar fosse o que fosse. e teríamos também, com o 2.º pilar da proposta de cavaco, seguro e o ps amarrados aos cortes já aprovados na 7.ª avaliação da troika e ao orçamento do estado para 2014, um ps incapacitado para apresentar alternativas e cedendo todo o palco da oposição ao pcp e ao bloco, que chegariam às eleições de 2014 como pré-vencedores antecipados. era difícil conceber um cenário político-eleitoral mais insólito, democraticamente castrador e perverso do que este congeminado pelos conselheiros de belém.
mas se a perspectiva de eleições antecipadas em 2014 fez soar os alarmes nas hostes do governo, do psd e do cds, o certo é que a ideia de ver seguro a subscrever os cortes de 4,7 mil milhões acordados com a troika, bem como o oe para 2014, lançou uma verdadeira onda de pânico nas fileiras do ps.
seguro até pode ter levado cavaco ao engano e a embarcar na ilusão de que o ps engoliria tal dose de cortes a troco de legislativas um ano mais cedo. mas o líder do ps não tem condições internas para assumir tão ousado compromisso político. e a artilharia pesada caiu-lhe, de imediato, em cima. sócrates disse logo que «o ps não pode e não vai aceitar uma coisa destas». alegre, a seguir, descortinou que o objectivo de cavaco «parece ser o de entalar o ps». o jovem deputado galamba decretou que isso seria «o suicídio político» de seguro. e só faltava mário soares a ameaçar com «uma cisão no ps».
seguro já mostrou grande desorientação ao querer envolver disparatadamente o bloco e o pcp no processo para, logo a seguir, vir repudiá-los canhestramente em comunicado. e não vai sair com facilidade desta trapalhada. maior embrulhada só mesmo aquela em que cavaco silva se meteu. a ele e ao país.
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