do total de investimento, 15% será aplicado via orçamento de estado e 80% será assegurado por um fundo de apoio a projectos sociais e culturais, o eea grants, da noruega, islândia e liechtenstein. a rede de judiarias de portugal, formada por municípios e entidades regionais de turismo, investirá os restantes 5%.
o programa inclui o levantamento, reabilitação e organização de património: beneficiação das sinagogas de tomar, almeida ou de vila maior, edificação do memorial a aristides de sousa mendes, em vilar formoso, e construção de um centro de interpretação, com projecto do arquitecto souto moura, em bragança.
além de portugal e espanha, eua e israel – países com maior percentagem de população sefardita, ou seja, descendente das comunidades judaicas da península ibérica – serão, para já, os principais mercados-alvo da rota.
o secretário de estado da cultural, jorge barreto xavier, apresentou a rota na sexta-feira. em declarações ao sol, o governante disse que, com o estímulo do turismo cultural, possa haver um retorno económico anual superior a 50 milhões de euros.
segundo a rede de judiarias de portugal, a herança judaica nacional conseguirá captar 300 mil visitantes por ano – actualmente cerca de 200 mil passam por zonas ligadas ao judaísmo, como belmonte, castelo de vide ou tomar.
e esse retorno pode mesmo ser superior a 61 milhões, tendo em conta que cada um destes turistas terá uma estadia média de duas noites, prevendo-se gastos diários a rondar os 115 euros em alojamento, alimentação e compras. antecipa-se ainda a criação de 300 postos de trabalho.
outro objectivo é impulsionar a venda de produtos kosher – queijos, vinhos, compotas fabricados segundo o preceito judaico –, o que poderá render 200 a 300 mil euros anualmente.
“esta rota permitirá aos portugueses conhecer os vestígios mais e menos remotos da cultura judaica no nosso país, que constitui uma herança comum que importa salvaguardar e divulgar», frisa barreto xavier.
“e permitirá conhecê-la através do restauro dos vestígios materiais existentes – por exemplo, em edifícios com sinais da presença judaica e que posteriormente conheceram diferentes utilizações – assim como a interpretação desse património, através da edição de roteiros e publicação de conteúdos em suporte digital que se constituirão como património imaterial da presença judaica em portugal», continua.
valorizando esta presença – mais forte na beira interior/serra da estrela, trás-os-montes e alentejo – a intenção é pôr portugal em pé de igualdade com a república checa, eua e frança, que já apostam nesta temática.