a primeira alternativa era recusar desde logo, com frontalidade e clareza de argumentos, a proposta de cavaco silva. esclarecendo que o ps não poderia caucionar quaisquer medidas adicionais de austeridade e de cortes na despesa do estado: estas de 4,7 mil milhões ou outras do mesmo teor – esse era um ponto inultrapassável para si e para o ps.
seguro clarificaria, desse modo, posições, evitaria equívocos, que o presidente fosse levado ao engano quanto à exequibilidade da sua proposta e teria poupado o país a dez dias de paralisia e incerteza políticas. ficaria com o ónus de ter sido ele a inviabilizar o acordo (como, de qualquer modo, acabou por ficar), mas ganharia em autonomia de decisão e firmeza de liderança.
a segunda alternativa era aproveitar as vantagens para o ps da proposta de cavaco – legislativas um ano mais cedo, em 2014 (1.º pilar), e um ‘pacto de governabilidade’ para o futuro executivo socialista (3.º pilar) – e assumir a necessidade de cortes mais ou menos significativos (renegociação do 2.º pilar) na despesa do estado, que um governo do ps, mais tarde ou mais cedo, também se veria obrigado a aplicar. esta posição poderia viabilizar o compromisso desejado por belém e deixaria o governo psd/cds a prazo, ferido de morte até às legislativas.
exigiria de seguro coragem e autoridade de liderança, para se impor e sobrepor às pressões públicas da ala contestária de soares, alegre e sócrates. mas permitiria ao líder do ps dar ao país uma imagem de vontade própria e maioridade política.
seguro escolheu a terceira alternativa. a da encenação de quem se dispõe a dialogar sem nada ter, na verdade, para negociar e chegar a um compromisso (e com isso terá levado o presidente duas vezes ao engano: no início e no último dia das conversações…). apenas quis empatar jogo e fazer de conta. com essa atitude – e com a sua ridícula e populista cartilha de medidas para aumentar a despesa pública e reduzir a receita – só se diminuiu aos olhos do país. confirmando que lhe faltam qualidades básicas de liderança. não vai chegar longe.
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