Dívida portuguesa pode ser a 2.ª maior da UE

A dívida pública portuguesa pode estar a poucos meses de se tornar a segunda mais elevada da Europa e ultrapassar a Itália, que historicamente sempre foi um dos Estados mais endividados da União Europeia (UE).

segundo dados do eurostat, a dívida pública nacional em percentagem do pib atingiu no primeiro trimestre deste ano 127,2%, a escassos três pontos percentuais da dívida italiana que alcançou no mesmo período 130,3%. nos últimos meses, tem vindo a cair a distância entre os dois países, que apenas são ultrapassados pela grécia, com uma dívida de 160% do pib.

há um ano, a diferença entre o rácio da dívida italiana e portuguesa era de 11,5 pontos percentuais (123,8% contra 112,3%). entre o primeiro trimestre deste ano e o homólogo, a dívida italiana aumentou 6,6 p.p. e a portuguesa 14,9 pontos, mais do dobro.

com um défice orçamental mais pronunciado do que o italiano (5,5% contra 2,3% em 2013 e 4% contra 2,3% em 2014, segundo o fmi) poderá estar por meses a ascensão de portugal ao segundo lugar dos países mais endividados da ue.

itália sempre foi um dos estados mais endividados da europa – desde 1997, a dívida pública esteve sempre acima dos 105% do pib – e portugal não. em 2008, a dívida pública portuguesa rondava os 70% do pib, a par da média da zona euro e de países como a alemanha e frança. em 2011, deixou para trás a bélgica e, este ano, a irlanda.

a dimensão da dívida pública portuguesa já é tão grande que está a anular as potenciais poupanças que o estado poderia arrecadar com a descida da taxa de juro efectiva dos últimos meses.

segundo dados da unidade técnica de apoio orçamental (utao), a taxa média de juro implícita da dívida portuguesa está a descer há cinco trimestres consecutivos, tendo recuado de 4,6% em janeiro de 2012 para 3,8% em março de 2013.

porém, os encargos com juros neste período subiram de 4,6% para 4,8% do pib, uma evolução «associada ao aumento do nível da dívida pública». as despesas do estado com juros está também acima do que a troika prevê para os próximos anos (os encargos deveriam totalizar 4,4% do pib por ano até 2016).

luis.goncalves@sol.pt