a adega mãe ainda é jovem, nasceu apenas em 2010, mas tem sonhos e projectos grandes. antes de mais, quer combater o estigma criado em volta dos vinhos de lisboa, região que antigamente esteve muito mais ligada à quantidade do que à qualidade. de seguida, e após terem atingido o meio milhão de litros em apenas dois anos, pretendem crescer até à capacidade máxima de 1,5 milhões de litros/ano. e querem fazer vinhos ‘diferentes’, aproveitar as especificidades da região onde se inserem, em torres vedras, bem junto ao atlântico.
aliás, o mar molda-lhe a história e a filosofia por que se pauta a sua existência. sendo um dos últimos sonhos empresariais do grupo riberalves, líder no mercado mundial do bacalhau, não podia deixar de ter como referência esta actividade. assim nasceu a marca dory, branco e tinto, cartão de visita da adega mãe e também uma homenagem aos pescadores portugueses que andavam na pesca do bacalhau nas pequenas embarcações ‘dóris’ que enchiam os mares do norte.
a sua aposta tomou agora contornos mais sólidos, com a apresentação de seis novos vinhos em 2013, onde se destacam um reserva tinto 2010, quatro monovarietais brancos e um branco reserva que só chegará em setembro próximo.
desde logo o desafio ‘vinhos diferentes’ está bem expresso nos quatro monovarietais: um alvarinho, um chardonnay, um viognier e um viosinho. na região de lisboa?! é verdade, e o facto de as vinhas com 30 hectares estarem junto ao atlântico dá uma identidade arrojada.
com efeito, o alvarinho está fora do seu habitat natural e é por isso bem diferente dos tradicionais. é muito mineral e atlântico, e chega a expressar surpreendentes notas de iodo. na boca revela-se intenso e a acidez confere-lhe imenso volume. quanto ao chardonnay, poderia passar por entre todos os chardonnay do mundo com as habituais notas de marmelo e frutos de casca amarela, mas a acidez denuncia toda a influência atlântica por que passou. muito volumoso na boca apresenta um grande final.
passando ao viognier, pode-se dizer que entre os quatro monovarietais é o mais distinto. com aroma a flores brancas evidencia notas tostadas devido ao estágio em barrica de carvalho francês. complexo na boca, tem volume e é equilibrado. finalmente o viosinho, muito fresco e de aroma exuberante, com notas vegetais, mineral e de final persistente. as novidades, por agora, terminam com o dory reserva tinto 2010, com aroma a frutos pretos, ameixas e amoras, chocolate preto e especiarias. muito elegante, tem taninos macios.
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