jm coetzee – a life in writing, de j. c. kannemeyer (1), é uma biografia do prémio nobel sul-africano, autor de romances como à espera dos bárbaros (1980), a idade do ferro (1990) e desgraça (1999) e das memórias de infância e juventude – boyhood: scenes from provincial life (1997) e youth (2002).
coetzee é um grande escritor. na sua obra de quarenta anos, está a história da áfrica do sul, a paisagem, a gente, a tragédia, a esperança.
um nome que continua a dividir as tribos dos financeiros e economistas é john maynard keynes. robert skidelsky, professor da universidade de warwick, publicou uma monumental biografia (cerca de 1370 páginas na edição espanhola) do polémico economista, académico, político, escritor e financeiro, cujas teorias sobre o dinheiro, o emprego, o juro, continuam a ser um sinal de contradição e até paixão (2).
mais um livro sobre ‘a guerra fronteiriça’ é the sadf in the border war (1966-1989) de leopold scholtz (3). scholtz é um historiador military sul-africano e reconta aqui as batalhas e operações do cuito cuanavale, recorrendo também aos arquivos da sadf e cubanos. era importante que os generais angolanos começassem também a escrever sobre esta guerra.
o livro póstumo de dominique venner, un samourai d’occident (4). venner suicidou-se há poucas semanas no altar principal da catedral de notre dame. não o conheci pessoalmente, mas li parte da sua obra desde o magnífico baltikum (1974) que me revelou os corpos francos (1974), até às suas histórias da resistência e da colaboração e à nouvelle revue d’histoire que dirigiu.
continente salvaje – europa después de la segunda guerra mundial, de keith lowe (5). o volume conta o pós-segunda guerra na europa a destruição das cidades e a punição dos vencidos, as limpezas étnicas na ucrânia e na polónia, a expulsão dos alemães da europa central e oriental e as quase guerras civis de frança e itália em 1944-45. talvez esta desgraça apocalíptica explique, em parte, o pacifismo decadente da união europeia.
dante, a divina comédia e a fé (6) é um livro de um português sobre um poeta universal. dante faz parte (com shakespeare, com leonardo, com nietzsche, com pessoa) dos happy few da perfeição possível. este ensaio de martim de albuquerque é um estímulo à leitura ou à releitura da comédia, não apenas da sua parte mais célebre e ‘patológica’ – o inferno – mas de toda a obra, na sua beleza e no seu mistério.
1) j.c. kannemeyer, jm coetzee – a life in writing, jonathan bell publishers, johannesburg and cape town, 2012.
2) robert skidelsky, john maynard keynes – la biografia definitiva del economista mas influente de nuestro tiempo, rba libros, barcelona, 2013.
3) leopold scholtz, the sadf in the border war, tafelberg, cape town, 2013.
4) dominique venner, un samourai d’occident, pierre-guillaume de roux, paris, 2013.
5) keith lowe, continente salvaje, europa después de la segunda guerra mundial, galaxia gutemberg/círculo de lectores, barcelona, 2012.
6) martim de albuquerque, dante – a divina comédia e a fé, aletheia, lisboa, 2013.