seguro rompeu por não querer dar o acordo socialista aos cortes da despesa pública já definidos na 7.ª avaliação da troika. rompeu mesmo sabendo que, no dia em que o ps regressar ao governo, em 2015 ou mais tarde, ver-se-á obrigado a uma política semelhante ou ainda mais rigorosa. ao romper, o líder socialista não revelou visão política nem sabedoria para assumir um compromisso de governação a prazo (que acabaria por jogar a seu favor), teve receio das pressões internas do partido (de mário soares aos socratistas) e perdeu uma oportunidade única de afirmação da sua liderança.
agora, só resta a seguro radicalizar ainda mais o discurso. como fez esta semana, a propósito das pensões da cga: “votaremos contra, no parlamento, qualquer corte nas reformas e nos pensionistas”. e, confundindo-se com a oratória do be, prometeu mesmo: “quando o ps voltar ao governo, será uma das primeiras leis que nós revogaremos para devolver essa parte das pensões aos portugueses”. é o retrocesso às velhas fórmulas oposicionistas de prometer sempre o oposto do governo (que não poderia, aliás, cumprir se um dia chegasse ao poder). e é, também, o caminho para seguro desbaratar o que resta da sua credibilidade política.
partidariamente enfraquecido, só uma vitória retumbante nas autárquicas de 29 de setembro poderia evitar a queda anunciada da sua liderança. e isso implicaria – além do triunfo garantido de antónio costa em lisboa – retirar ao psd câmaras como o porto, coimbra, gaia, oeiras, sintra ou viseu. assim como não perder autarquias que sempre foram do ps, como braga ou a guarda. só a conjugação de todos esses resultados salvaria seguro. o que parece cada vez mais improvável.
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