o governo já admitiu uma retoma aos ‘solavancos’ e economistas contactados pelo sol esperam que o primeiro crescimento homólogo possa acontecer já no quarto trimestre, após três anos no ‘vermelho’.
a última vez que a economia cresceu em termos homólogos foi no quarto trimestre de 2010, com um aumento do pib de 0,6%. no segundo trimestre deste ano, embora tenha havido crescimento em cadeia, o pib caiu 2% face ao mesmo trimestre do ano passado.
os dados sectoriais conhecidos esta semana são positivos. segundo o instituto nacional de estatística (ine), os índices de confiança de consumidores, indústria, comércio e construção aumentaram em julho, sinalizando um optimismo crescente dos agentes económicos. o clima e o sentimento económico também subiram no mês passado.
o ine refere que os portugueses estão a recuperar gradualmente o consumo, sobretudo em bens duradouros (automóveis e electrónica) e bens correntes não alimentares, como vestuário ou restaurantes. o consumo privado é a maior componente de toda a economia, com um peso de 65% no pib.
verão com sinais positivos
teresa gil pinheiro, economista do bpi, olha com cautela para os novos dados. “é tudo ainda muito frágil e débil. não há ainda uma retoma sustentável, mas sim a criação de uma tendência favorável”, refere. ainda assim, o banco estima um regresso ao crescimento da economia entre outubro e dezembro.
a confederação do turismo português admitiu recentemente que este verão poderá ser equivalente ao de 2007, o melhor de sempre do sector. em junho, portugal registou quatro milhões de dormidas, mais 400 mil do que um ano antes. as receitas por quarto subiram 11,2%, de acordo com o ine.
o turismo é um sector decisivo para o terceiro trimestre. representa 11% do pib, 9% do emprego e é a terceira maior exportação do país, com 12% do total de vendas ao exterior, segundo dados do eurostat.
outro sector em recuperação é o automóvel, um dos mais afectados pela crise, com as vendas a caírem para níveis de há 20 anos. em julho, a venda de veículos ligeiros subiu 17,2% face ao mês homólogo, repetindo o desempenho do mês de junho, quando o mercado cresceu 17,6% – a segunda maior subida em toda a europa, de acordo com a associação de construtores europeus de automóveis.
na europa, os sinais de retoma são igualmente crescentes. o indicador de actividade económica nos serviços e indústria da zona euro atingiu em agosto o valor mais alto dos últimos dois anos, impulsionado pela alemanha.
o índice compilado pela markit economics permaneceu pelo segundo mês acima de 50 pontos, que significa uma expansão da actividade no futuro. o ine informou ainda que a recessão abrandou nos dez maiores clientes externos de portugal (excepto angola).
desafios em outubro
porém, apesar dos sinais positivos, o grande desafio chama-se quarto trimestre. é um período em que vários eventos ameaçam a confiança crescente dos agentes económicos.
entre finais de setembro e meados de outubro é concluída a avaliação da troika ao país. nessa altura, o governo apresenta o orçamento do estado para 2014, onde serão especificados os cortes de 4,7 mil milhões de euros no estado, que terão um efeito recessivo.
lá fora, as eleições alemãs em finais de setembro, a discussão do terceiro resgate à grécia e o eventual adiamento da união bancária são três acontecimentos que poderão ter um impacto significativo.