Merchandising do Museu d’Orsay é 100% português

Quem visitar o Museu d’Orsay, em França, ou vier a fazê-lo nos próximos cinco anos, e comprar objetos de “merchandising” de arte, é muito provável que adquira produtos integralmente desenhados e produzidos em Portugal.

canecas, chávenas, lápis, capas de “iphone” e de “ipad”, borrachas, sacos, “t-shirt’s”, chapéus-de-chuva, leques, magnéticos, marcadores de livros e tapetes para rato de computador contam-se entre os produtos de uma linha desenhada, concebida e produzida para este museu, ao abrigo de uma parceria entre o proprietário de uma loja de arte e uma empresa de “design”, ambas com sede em lisboa, disse à agência lusa o proprietário da loja de arte, luís pilar.

“cem por cento desta linha é feita em portugal, tudo é produzido em portugal, o que é muito importante para o nosso projecto”, sublinhou luís pilar.

o projecto com o museu d’orsay resulta de um desafio lançado pela empresa pública francesa réunion des musées nationaux (rmn), depois de ter visto o trabalho que a loja e a empresa de design desenvolveram para a exposição de joana vasconcelos, em 2012, no palácio de versalhes, em paris, acrescentou luís pilar.

o fornecimento dos produtos foi contratualizado por cinco anos, vigorando até 2017, e a encomenda inicial, “muito significativa”, rondou os 160 mil euros, afirmou, acrescentando que, depois do fornecimento inicial, o museu já pediu mais de mil “t-shirt’s”.

o tema base para o projecto foi fornecido pelo museu – “a modernidade” -, tendo, para o efeito, cedido três obras chave do seu acervo: uma do impressionista claude monet (“campo de papoilas”) e duas dos pós-impressionistas paul gauguin (“arearea”) e vincent van gogh (um autorretrato).

com o “cartão-de-visita” desenvolvido para o museu d´orsay, luís pilar e o “designer” duarte lukas procuraram outros museus, confiantes na “qualidade do produto”, com vista à expansão do negócio.

“tem sido bastante fácil, abordarmos os museus”, disse o proprietário da artwear, acrescentando estarem já a desenvolver projectos para os museus prado e thyssen, na capital espanhola, para a tate gallery e para o british museum, em londres, reino unido, além de estarem em “negociações avançadas” com o museu van gogh, de amesterdão.

para a tate vão produzir uma linha completa de produtos, ainda por definir, para uma exposição temporária de matisse, enquanto para o thyssen já fizeram uma linha completa para uma exposição temporária do impressionista camille pissarro, e estão a começar a produzir uma nova linha baseada num quadro de salvador dalí.

questionado sobre a produção para o mercado português, luís pilar respondeu pela positiva, embora tivesse acrescentado que se trata de trabalhos mais pontuais. “aqui funcionamos mais como distribuidores, pois o mercado [português] não tem escala como aqueles museus estrangeiros”.

uma linha completa baseada nos desenhos da série “fernando pessoa”, de júlio pomar, com têxteis, cadernos, chávenas de café e canecas, entre outros, vai começar a ser comercializada em portugal, em setembro, indicou o proprietário da loja de arte.

expandir o negócio além-fronteiras é agora o objectivo de luís pilar, que pretende chegar “aos 50 maiores museus europeus”.

para tal vão estabelecer uma parceria com a agência para o investimento e comércio externo de portugal (aicep), que os irá auxiliar a penetrar no mercado estrangeiro, a começar por espanha.

duarte lukas, o gráfico da parceria com a artwear, admitiu ser mais fácil produzir para o estrangeiro do que para portugal.

o facto de “o mercado português não ter a mesma dimensão faz toda a diferença”, acrescentou.

“cá somos muito complicados e é muito difícil entrar nos sítios, ao contrário do que aconteceu com a tate, a quem mandámos o portfólio e duas horas depois tínhamos uma reunião marcada”, concluiu duarte lukas.