“é tudo verdade o que consta da acusação (do ministério público). estou arrependido por ter cometido estes crimes contra a nação portuguesa. é uma complicação e pus em perigo a minha família”, assumiu o homem perante o colectivo de juízes do tribunal de alenquer, na primeira sessão do julgamento.
dos seis arguidos – cinco de nacionalidade argentina e um romeno -, com idades entre os 20 e os 48 anos, cinco encontram-se em prisão preventiva. estão acusados, cada um, de um crime de tráfico de estupefacientes agravado e de associação criminosa, além de dois deles responderem também por falsificação de documentos.
o grupo terá importado a cocaína entre 2011 e 2012.
o líder da alegada rede criminosa não é arguido no processo, uma vez que está detido na argentina por crimes idênticos.
segundo a acusação do ministério público (mp), a que a agência lusa teve acesso, a estratégia passava por exportar da argentina, por via marítima, contentores de sacas de carvão para dissimular a droga, sendo depois armazenados em armazéns arrendados em torres vedras e alenquer, até serem reencaminhados para espanha por via terrestre.
um dos principais arguidos no caso confirmou hoje em tribunal que este era o modo de actuação do grupo e acrescentou que, após a apreensão, em 2010, de mais de 700 quilos de cocaína pelas autoridades espanholas na zona de burgos, o presumível cabecilha delineou um plano para fazer o transporte da droga para portugal, a qual seria depois levada para espanha por via terrestre.
para o efeito, os elementos passaram a usar nomes falsos em documentos de identificação pessoal, facturas e contractos de arrendamento, procederam a um carregamento de teste e constituíram uma sociedade que seria a destinatária dos carregamentos e faria a separação da droga do carvão.
o homem esclareceu hoje que um dos outros arguidos no processo criou uma empresa em portugal para receber a mercadoria, que seria depois levada para os armazéns e mais tarde transportada para espanha.
o arguido assumiu perante o colectivo de juízes que era ele que recebia directamente as ordens do suposto cabecilha e que foi o próprio quem fez o transporte da cocaína para elvas, onde se encontrou com um outro arguido no processo que, por sua vez, levou o estupefaciente para espanha.
o primeiro carregamento, contendo meia tonelada de cocaína, chegou ao porto de lisboa em novembro de 2011.
depois da separação dos produtos, o carvão foi vendido a uma empresa, mas duas sacas contendo 12 quilos de cocaína seguiram por descuido, misturadas com o carvão, vindo a ser apreendidas em dezembro.
sucederam-se outros dois carregamentos, de 400 e 150 quilos de cocaína, respectivamente, em março e abril de 2012, mas o segundo chegou a lisboa quando o grupo já estava detido.
dois outros arguidos, com menor responsabilidade na hierarquia da suposta rede criminosa de tráfico de droga de cariz internacional, confessaram igualmente o seu envolvimento nos crimes, tendo um deles, com 20 anos, pedido “desculpa e uma oportunidade” ao tribunal para se redimir.
a próxima sessão ficou agendada para 11 de setembro às 10:00 no tribunal de alenquer.
lusa/sol