O tesouro que Pombal deixou

A Quinta do Gradil, no Cadaval, adquirida pelo Marquês de Pombal em 1760, foi recuperada e hoje oferece-nos grandes vinhos. Fomos agora provar os brancos

perto da serra de montejunto, no concelho do cadaval, vamos encontrar a quinta do gradil, considerada a mais antiga herdade daquela região portuguesa, e que deve o seu nome ao facto de ter sido a primeira a ser gradeada com um gradil. as mais antigas referências documentais remontam ao final do século xv, altura em que d. martinho de noronha recebeu de d. joão ii a carta de doação, mas a sua história ganha ainda mais força na altura em que foi adquirida pelo marquês de pombal. uma particularidade interessante era o facto de pombal ter as suas quintas sempre a um dia de distância umas das outras (para poder descansar) e esta estava, por exemplo, a um dia da quinta de carcavelos.

a quinta do gradil ficou na posse da família de pombal até 1960, altura em que foi vendida a joaquim sampaio de oliveira, mais conhecido como o isidoro dos enchidos. até que no final dos anos 90 é comprada pelos netos de antónio gomes vieira (os actuais proprietários), que decidem iniciar o processo de reconversão de toda a área de vinha em 120 ha num total de 200 ha.

com solos argilosos relativamente fracos, tira-se uma produção média anual de 800 mil litros, a maior parte para exportação. aliás, o começo da empresa fez-se praticamente ao contrário; começou-se pela exportação e só depois se voltaram para o mercado nacional.

e foi precisamente lá, em terras do marquês de pombal e em dia tórrido, que almoçámos e provámos as últimas novidades. começámos pela gama de monovarietais, que têm por objectivo lançar anualmente aquela que foi considerada a melhor casta de cada colheita e que em 2012 até foram duas. a primeira, o verdelho de 2012, acompanhou os salgadinhos de entrada, mas também está à altura das mariscadas. com pouco grau (11,5%), evidenciou aromas limonados e notas frescas vegetais. quanto ao outro monovarietal, o viosinho 2012, revelou notas de ameixa branca e grande componente mineral, equilibrado e com boa acidez. acompanhou salmão corado com legumes salteados, mas também casa bem com carnes brancas.

foi então a vez de entrar um clássico, o sauvignon blanc e arinto 2012, que acompanhou um folhado de queijo brie. vinho de perfil aromático, tem notas tropicais e é persistente na boca.

tivemos ainda a ocasião de provar o syrah e touriga nacional 2012, com muitos frutos vermelhos e bagas silvestres, e encerrámos com o espumante bruto 2011, revelando grande frescura e complexidade de aromas. enfim, em terras do marquês de pombal continua a fazer-se história. l

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