não se podem utilizar armas químicas e muito menos contra a própria população. se exagerarem no uso da força, podem chegar a derrubar o regime de bashar al-assad, coisa que os americanos não querem. também não lhes interessa provocar os russos. se o ataque for demasiado brando, existe a possibilidade de o regime sírio retaliar. é uma alternativa que os israelitas, por estarem tão perto, preferem que não aconteça. este cenário provocaria a alegria do irão e ninguém quer ver os aiatolas felizes. como se os problemas fossem poucos, obama não pode contar com o seu aliado do peito, o reino unido. conta, para compensar, com o apoio dos turcos, que estão doidos para se meterem ao barulho. o outro aliado também não é de confiança. a frança está do lado dos americanos, mas nunca se sabe.
beijinhos
the bridge é uma série produzida pela fox que começou em julho em portugal, com estreia simultânea nos estados unidos. não me queixo, mas acho que o facto inédito de ser transmitida pelos três canais da fox (fox crime, fox life e fox) é exagerado. estou a gostar muito e recomendo. a série é a versão americana de uma outra com o mesmo título com co-produção dinamarquesa e sueca. ambas as versões começam com o aparecimento de um cadáver mesmo na linha da fronteira. no caso original, na ponte que une a dinamarca e a suécia. na série que estamos a ver, entre os estados unidos e o méxico. não duvido da qualidade da versão nórdica. sou fã do the killing original. mas há, sem dúvida, um valor acrescentado na versão americana que se desenvolve nas lendárias e violentas cidades de juarez, no estado de chihuahua, e el paso, no texas, à distância de um disparo de revólver 38 do novo méxico. não sei o que fizemos para merecer este óptimo presente nos meses tórridos de verão, mas o meu sincero obrigada.
falta de jeito
há semanas, na entrega dos vma, a cantora miley cyrus, de 20 anos, apareceu em palco com um fatinho disney, um penteado extravagante e a língua de fora. andou de um lado para o outro, abanou o rabiosque e mostrou a língua, deixando-a de lado, esticada, como se fosse um gato que tinha acabado de ter um enfarte. a equipa da inocente hannah montana disse-lhe que aquilo era sexy. e o que é sexy vende. britney cresceu, christina também. mais cedo ou mais tarde, miley tinha de mostrar que já não era uma criança. o pai, que há uns anos apareceu numa reportagem fotográfica constrangedora na vanity fair com a filha, disse que, se fosse ela, teria feito o mesmo. já camille paglia, escritora e feminista muito inteligente, escreveu um artigo na time a criticar duramente a performance de miley cyrus. a falta de jeito era tão evidente, que parecia uma caricatura. devia voltar para a escola, escreveu paglia. espero, pois, que aproveite o regresso às aulas.
um bordel em amesterdão
a discussão sobre os piropos, iniciada por duas militantes do bloco de esquerda, deverá cair em breve no esquecimento. mas antes há que esclarecer que o debate aconteceu não por haver um desejo incontrolável de legislar sobre as palavras dos outros, contrariando o princípio da liberdade de expressão, mas por um desabafo irreprimível de quem está cansado de ser importunado na rua com ordinarices. as militantes estão de parabéns porque conseguiram que não se falasse de outra coisa. no meu entender, não há motivo para preocupação. a crise está a acabar com a construção civil em portugal e os homens estão mais habituados a conviver com o sexo oposto, até com o sexo oposto mais giro. e o convívio civiliza. há que ter calma e não querer viver num mundo que não existe, sem ordinários nem militantes do bloco de esquerda. prefiro viver com todos (com a saudável distância) em liberdade do que habitar num mundo limpo como um bordel em amesterdão.
os malefícios da pobreza
um estudo recente sobre a relação entre a pobreza e a incapacidade de tomar decisões simples do quotidiano teve os seus resultados publicados na prestigiada revista science. não li o estudo, mas li um bom resumo na the atlantic. o objectivo era perceber que consequências tinha a pobreza no nosso cérebro. a descoberta foi clara. a pobreza afecta a capacidade de um indivíduo decidir, porque abrevia as suas possibilidades reais, porque mina a capacidade de pensar no futuro. o estudo revelou que uma pessoa pobre não consegue pensar sobre uma realidade tão simples como comprar um carro usado. pedir um empréstimo, pagar a pronto, a prestações são hipóteses que requerem uma certa capacidade de decisão. há que ter uma amplitude mental para poder pensar e escolher. ora, a pressão da falta de dinheiro limita a capacidade de pensar. é como se o cérebro estivesse saturado. como se fosse um copo de água muito cheio, sem capacidade para mais.