acabamos de ver que a rtp queria estrear, em plena campanha autárquica, um novo programa de perguntas a políticos, que se iniciaria com o primeiro-minisrtro, e atiraria o líder da oposição para as calendas pós-eleitorais. a cne, por reclamação do ps, opôs-se ao programa, e chumbou-o. a rtp, numa rebeldia muito alinhada, decidiu ignorar a cne, e arriscar a manter o programa. o primeiro-ministro, por causa da cne, recusou a participação.
bom, e a rtp, que tinha decidido manter o programa, deveria então ter avançado para o convidado seguinte, o líder da oposição. mas não. colou-se ao primeiro-ministro, e lá adiou o programa.
até o convite a sócrates não disfarça nenhuma tentativa de pluralismo, porque foi gente dos próprios meios governamentais que manifestou a intenção de ver ali o ex-primeiro-ministro embaraçar a actual liderança socialista. e embora ele, na sua enorme impopularidade, possa evitar esse tropeção, aproveitando apenas para se defender a si próprio, lá continuamos a ver os comentadores pró-governamentais usá-lo para vincarem as divisões no interior do ps.
e, claro, há ainda a memoria de como se correu um director de informação ‘demasiado’ independente, como nuno santos. e a nova leio de contratação de gestores da empresa, mas que não atinge alberto da ponte – o homem que ‘despachou’ nuno santos em tempos de relvas, e que é a imagem de relvas na rtp.
mas nem esta governamentalização descarada, contudo, me levará a dispensar uma estação pública de tv. apenas continuarei a lutar pela sua desgovernamentalização.