22
a poucos dias das eleições na alemanha, a 22 de setem-_bro, o candidato do spd, peer steinbrück, deu uma entrevista ao jornal süddeutsche zeitung que consistia em responder às perguntas por gestos. uma das perguntas mereceu o dedo do meio esticado como resposta. a pergunta era: «peergafe, peerproblema, peerlusconi… o senhor não preocupa com o que lhe chamam, pois não?». podia ter respondido com as mãozinhas para fora, como quem diz, ‘faz parte’, mas não. quis mostrar que era muito macho, tanto que será recambiado para a caverna de onde saiu. toda a gente falou do dedo, mas confesso que me impressionou mais a expressão da cara, com a boca entreaberta. achei peer parecido com o tutor de lisbeth salander, no primeiro filme da série millenium, de stieg larsson. não o que tem um enfarte, mas o segundo, nils bjurman, que chantageia e viola lisbeth e é apanhado no seu sadismo. deve ter uma tatuagem enorme na barriga. vai perder e bem.
681
com a leitura da notícia na última edição do sol sobre as intenções de matar o colégio militar, fiquei a saber que não tinha percebido nada sobre o que se passava com a instituição. julgava que o problema era dos cortes de financiamento do estado, mas afinal o busílis do problema está na admissão de alunos externos e raparigas no colégio. bem vistas as coisas, não parece um problema assim tão grande para tanto dramatismo. ai querem matar o colégio militar! calma, são só mulheres. brincadeiras à parte, até entendo as acusações de quererem desvirtuar o colégio. mas qualquer mudança implica uma certa desvirtuação do que foi estabelecido. por mim, só me espanta haver raparigas que queiram frequentar o colégio militar. mas mais ainda me surpreende que o estado financie uma escola que cobra 681 euros de propina por aluno civil. não é preciso matar nada. a solução está ao alcance dos interessados. há que privatizar e depressa.
380
a carta do presidente russo vladimir putin, publicada no the new york times, a apelar à diplomacia no conflito com a síria deu-me vontade de rir no pior sentido. putin aparece antes de um possível ataque à síria como o moderado, a apelar ao diálogo, contra a linguagem do uso da força. o texto foi interpretado por pessoas sem memória e com uma antipatia irracional por obama como um sinal de paz ou sentido de estado, como se diz por estas bandas, por parte de um ditador. putin teria embaraçado obama com um bom senso que parecia faltar ao presidente dos estados unidos. para não ir mais longe, recordemos o massacre de beslan, que aconteceu há nove anos. terroristas chechenos fizeram 1.200 reféns numa escola em beslan, na ossétia do norte, e mantiveram adultos e crianças cativas durante três dias. o cerco acabou com a intervenção das forças de segurança russas e com a morte de 380 civis. ser salvo por putin também não dá saúde a ninguém.
4000
a sociedade para a preservação do animal feio elegeu o peixe-gota, ou psychrolutes marcidus, como a sua mascote. a fotografia do animal que a imprensa anunciou como o mais feio do mundo correu tudo quanto era site. a imagem de um peixe rosa parecido com o actor cómico norte-americano w.c. fields e com várias outras pessoas de nariz grande, olhos pequenos e cantos da boca virados para baixo foi alvo de ridículo. o pobre bicho, coitado, não tem culpa. e não tem culpa, como bem aponta colin schultz, do smithsonian, porque o peixe-gota nem sequer é aquilo que vimos. aquele peixe-gota é considerado feio porque está morto. habituado a viver a quatro mil metros de profundidade, o bicho explode, por assim dizer, quando sobe à superfície. uma espécie de saco de ar interno dilata, deixando-o com aquele aspecto descaído e soprado. faz lembrar a desculpa do ‘não é gordo, está inchado’. o peixe-gota não é feio. está é morto.