O FMI ‘è mobile’

O Público trouxe há dias informação de um documento de um economista-chefe do FMI, a voltar a salientar que as politicas de austeridade impostas a Portugal e outros países sob intervenção internacional podem ser autodestrutivas. O jornal até salientava várias contradições de diversos documentos do FMI:

efeitos confiança; confiança não é importante;

consolidação orçamental rápida / pode ser autodestrutiva;

consolidação à base da despesa mais sustentável / tende aumentar desigualdades e ameaça crescimento;.

há aqui 2 problemas: por um lado, estando comprovada a ineficácia das politicas impostas pela troika e seguidas com gosto por passos coelho (até gaspar já abandonou o barco…), a dívida pública tem subido em relação ao pib, e mesmo em termos absolutos.

em 2011, ainda sob os efeitos de sócrates, o défice público foi de107,2% do pib, segundo o banco de portugal, crescendo 22 mil milhões ao longo do ano, para 183,3 mil milhões. em 2012, 122,5% do pib, 204.485 milhões de euros. para 2013, o banco de portugal estima défice de 130,9% do pib, 214.573 milhões de euros. embora a ministra (que nunca acerta no que diz) garanta que vai conseguir limitá-lo a 118% do pib – o que não é mesmo assim uma ocharia.

resultado: com estas politicas, afastamo-nos cada vez mais de termos dinheiro para pagar as dívidas contraídas – o que se fosse reflectido no bolso dos membros da troika, seguramente os levaria a rever as politicas, e a assegurar um crescimento económico que gerasse receitas para as pagar.

mas o pior é que a preocupação expressa pelos membros do fmi, em todos os relatórios, é a satisfação dos mercados, e não dos cidadãos. esta procura de satisfazer mercados em vez de cidadãos verifica-se desde que acabou a social-democracia à esquerda (com a chamada terceira via ou esquerda liberal), e a democracia-cristã à direita (substituída pelos populismos que por aí vemos). alguns ministros tentam ver nomes de pessoas por trás dos mercados, e satisfazer só essas pessoas, conseguindo depois empregos pós-governo muito bem remunerados (muitas vezes, no próprio sector que tutelaram, como se sabe, e inconcebivelmente se aceita).