A vitória de Rui Rio

O que quero salientar é a vitória de Rui Rio nestas eleições autárquicas, através de Rui Moreira.

é certo que um dos fenómenos da noite eleitoral é a emergência dos independentes, com 11 câmaras ganhas. mas trata-se sobretudo de questiúnculas dentro dos partidos tradicionais, como aconteceu em matosinhos com guilherme pinto, que queria era ser o candidato do ps e não o conseguiu.

já moreira não valeu apenas por si, como figura conhecida do porto. ele foi a bandeira erguida contra a demagogia de menezes – o qual representa o pior do psd, e como passos coelho promete tudo e escancara as contas dos municípios por onde passa (passos aumenta consistentemente a dívida do pais e conduz-nos para um irremediável 2º resgate, sem condições para pagar aos credores, ao mesmo tempo que atira os portugueses para a maior pobreza interna).

é certo também que a leitura mais imediata é da grande vitória geral do ps (com a particular de antónio costa em lisboa), em contraste com a enorme derrota do psd.

e há ainda o fim do jardinismo agonizante, com várias câmaras de madeira a passarem para a oposição, incluindo a do funchal – mostrando que até o eleitorado madeirense está a amadurecer.

mas rui rio, que (de resto, como costa em lisboa) provara ser possível fazer uma politica radicalmente diferente da de passos coelho (ou seja, sanear as contas do município, sem o estrangular economicamente), e temia que menezes remergulhasse o porto num desesperante passismo, ganhou a aposta de promover a candidatura de moreira (cuja vitória se deve também ao apoio de grandes figuras do psd, de rio a rangel, passando por miguel veiga, e do cds). e aí temos agora o psd com rio feito uma alternativa viável e possivelmente vitoriosa também a nível nacional e do partido.

e, para quem pense que as autárquicas nunca têm nada que ver com o governo, não basta recordar os casos de balsemão e guterres para provar o contrário. convém estudar um bocadinho dos movimentos sociais, como o tentaram sá carneiro e lucas pires – e perceber que a democracia não vive exclusivamente das formalidades desenhadas, mas também dos movimentos das pessoas (fora das instituições politicas) nos intervalos das eleições (é isso a sociedade civil).

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