Dito&Feito

Depois do acto falhado do ministro Miguel Relvas de concessionar a privados a RTP1 e fechar a RTP2, tudo ficou na mesma. Ora, a RTP tem, pelo menos, três problemas de fundo por resolver: 1. Continua a gastar dinheiro a mais dos contribuintes, 140 a 150 milhões de euros por ano, cerca de 12 milhões…

o ministro poiares maduro, apenas preocupado com o ponto 2., por sinal o menos relevante, veio agora prometer um modelo semelhante ao da bbc com um órgão de supervisão independente não nomeado pelo governo – o que pouco ou nada resolve dos problemas estruturais da rtp.

e o presidente da empresa, alberto da ponte, focado sobretudo no ponto 1., acha que os 150 milhões não chegam, exige mais 20 milhões de euros para 2014 e – espanto dos espantos – fez mesmo um ultimato ao governo para responder, «com a data limite de 20 de setembro», que passou sem resposta. já quanto ao ponto 3., um encontro de quadros e responsáveis da empresa descobriu há uma semana, ao que veio a público, com base num estudo de consultores, que a rtp tem que «deixar de ser um canal cinzento, sem brilho, sem cor e sem novidades» e, melhor ainda, que «serviço público é dar às pessoas o que elas querem» – o que coloca a sic e a tvi, com os seus reality shows e overdoses de telenovelas, como os melhores canais de serviço público. com a rtp no seu encalço…

poiares maduro parece ainda disposto a colocar a rtp informação (e talvez, a rtp memória) disponível na tdt. recorde-se que o programa deste governo previa «a privatização de um dos canais públicos da rtp», que ficaria apenas com um canal generalista. afinal, no fim de toda esta história, a rtp ainda pode vir a ter três ou quatro canais em sinal aberto. eis o crédito que merece um programa de governo.

jal@sol.pt