a maior ironia é que o governo tem como objectivo quase único satisfazer os mercados, sacrificando com isso alegremente os cidadãos, e não mostra o talento mínimo para o conseguir.
com a dívida pública a crescer sempre e consistentemente, ninguém poderá pagar dívidas. em 2011, no tempo de sócrates, a dívida pública, nos 107,2% do pib, rodando os 183,3 mil milhões, obrigou à intervenção externa e ao resgate. em 2012, a dívida era de 122,5% do pib, ascendendo a mais de 204.485 milhões de euros. para este ano prevê-se que atinja cerca de 130% do pib.
entretanto, com a asfixia económica promovida pelo governo e pela troika, não se vislumbram receitas que nos permitam pagar dívida nenhuma.
a minha dúvida é se os masoquistas serão os credores a que estamos submetidos, a dita troika do fmi, bce e ce. mas dizem-me que não. para eles, trata-se de nos transformarem em laboratório, e fazer uma experiência, continuando a ganhar dinheiro com os juros altíssimos (por exemplo, a banca espanhola paga-os a 1%, e portugal, grécia e irlanda a 3%) que nos cobram. enquanto passos coelho, que nunca fez nada na vida e sempre viveu razoavelmente à sombra da politica, pode ter agora um gabinete imoral de gente, e permite que portugal funcione como cobaia da troika, e os seus cidadãos como ratinhos de laboratório.
eu percebo que cavaco, que já retirou portugal uma vez de uma asfixia semelhante à actual (imposta então por um governo de mário soares / ernâni lopes, sob intervenção do fmi, após o despesismo desmesurado dos executivos da ad) acredite que chicotadas psicológicas são importantes. mas esta dos masoquistas não parece que leve a lado nenhum, nem contenha a dívida. para já, temos de agradecer ao tribunal constitucional uma certa folga económica e de consumo que as suas deliberações nos deram, levando a alguma diminuição do desemprego e a um crescimentozinho, pequeno mas exemplar do que podemos fazer se nos livrarmos deste governo.