6.ª edição do Escritaria: Montra de afectos

A obra de Mário de Carvalho pode ser encontrada, por estes dias, num local improvável: as ruas de Penafiel. É a 6.ª edição do Escritaria que começa hoje e, até domingo, promete contaminar a cidade com diversos projectos artísticos em torno da obra do autor de Um Deus Passeando pela Brisa da Tarde.

desde montras decoradas com peças alusivas aos seus livros, a teatro de rua, obras de arte e conferências, a ideia é que qualquer pessoa possa descobrir a obra do escritor em cada esquina. haverá post-its gigantes nos edifícios com pequenos textos, nas avenidas será possível encontrar enormes painéis que retratam o escritor, em vários locais vão-se descobrir pequenos objectos literários que podem ser levados para casa como recordação. e, claro, em cada rua ou viela é possível encontrar mário de carvalho, e com ele trocar algumas impressões.

«esta é uma espécie de montra de afectos que a cidade oferece ao autor de língua portuguesa convidado em cada ano», explica ao sol alberto s. santos, presidente da câmara de penafiel e mentor do projecto. «a ideia é contaminar o centro histórico de penafiel com a vida, a obra e o pensamento do escritor, levando os cidadãos a encontrarem-se com ele, quer pessoalmente, quer através das exposições ao ar livre e que procuram relatar a sua história, enquanto pessoa e enquanto autor».

além da arte de rua, haverá também espaço para conferências em torno da obra de mário de carvalho, que contam com nomes como lídia jorge, gonçalo m. tavares, ricardo araújo pereira, josé carlos vasconcelos, entre muitos outros. e será lançado a liberdade do pátio, o novo livro de contos do autor.

memórias nas paredes

foi já há seis anos que a ideia surgiu. «o nosso património não são apenas monumentos, é também a língua portuguesa. sentimos a necessidade de homenagear e trazer à tona dos dias um autor em especial, focarmo-nos nele, trabalhando a sua vida e obra e trazendo a atenção do país para esse mesmo autor», diz alberto s. santos. urbano tavares rodrigues foi o primeiro escritor homenageado pelo escritaria, em 2008.desde então já tiveram a obra nas ruas de penafiel josé saramago, agustina bessa-luís, mia couto e antónio lobo antunes. e a sua memória ficou para sempre inscrita na cidade: é que, todos os anos, e para recordar, uma frase do escritor homenageado fica materializada numa parede da cidade. este ano, as palavras de mário de carvalho juntam-se às dos seus antecessores, para que penafiel seja uma das cidades mais literárias do país.

rita.s.freire@sol.pt