diz ele que há um hospital particular a fazer aquelas operações sem lista de espera, mesmo ao lado do hospital público dos covões, em coimbra, onde ele está a ser tratado. e desconfia que acabará por ser mandado para o privado, pelo próprio sns, por já ter ultrapassado o prazo legal de espera.
mas insurge-se ele, e com ele nós todos, por o estado não se organizar a prestar um serviço cirúrgico que os privados prestam com lucro e mais bem organizados. segundo ele, todo o problema se deve ao facto de no hospital dos covões os blocos operatórios não serem usados à tarde, por falta de pessoal médico e de previsões decentes das necessidades.
primeiro que tudo, o elogio a arnaut: contrariando a falta de ética política agora mais em voga, recusa cunhas para subir na lista de espera ou mudar-se por vontade própria para o privado, pretendendo ser tratado em pé de igualdade com todos os cidadãos que dependem do sns, e funcionar como um exemplo público desse serviço. médicos amigos dizem-me que, ao contrário do que ele afirma, nem sempre sairá mais barato fazer uma organização melhor dos serviços (embora, claro, essa melhor organização signifique sempre melhoria), para evitar o envio de doentes do sns para os privados.
de qualquer modo, também tenho o exemplo de uma filha que, sofrendo horrivelmente com um problema de um joelho, de resto inchadíssimo, tendo-lhe um médico de são josé prescrito uma ressonância magnética como auxiliar de diagnóstico essencial – está há mais de 4 meses (e provavelmente ficará muitos mais, porque nem sequer foi contactada para marcação ou previsão de marcação) em lista de espera. provavelmente, quando for chamado, já não precisa daquela ressonância, porque ou morreu da doença (deus nos livre!), ou acabou a tratar-se noutro lado.
e assim vai um sns que já foi muito bom – e que quanto pior, mais caro. mas parece que a iniciativa privada está radiante com os males do sns, porque tem aí grande oportunidade de negócio. resumindo, quanto mais pagam os contribuintes, pior ficam tratados, e mais ganham os privados. pelo menos, na saúde.