em termos de percentagem de votos, este resultado de seguro e do ps fica apenas entre os cinco melhores da história dos socialistas, aquém dos 40,1% de guterres em 1997 ou dos 37,7% de sócrates em 2009. e, no que respeita ao número de presidentes de câmaras, os 150 que o ps agora somou ficam bem atrás dos 159 que durão barroso obteve para o psd em 2001 ou dos 158 de marques mendes em 2005.
mas o ps não foi o vencedor claro das eleições de domingo? foi. não teve, e por larga margem, o maior número de presidências camarárias? teve. mais 44 presidentes do que o psd. não conseguiu o recorde de presidentes da história do ps? conseguiu. não ficou com mais um voto, pelo menos, do que o segundo partido, fasquia estabelecida por seguro? ficou. teve até mais votos (36,5%) do que os partidos da coligação de governo, psd e cds, somados (34,5%).
aquestão não é, contudo, a indiscutível vitória eleitoral do ps e de seguro. mas sim a existência de algumas sombras que lhe retiram brilho e dimensão política. como o facto de ser inferior, em votos e em percentagem, ao resultado de sócrates em 2009. ou a circunstância de o ps ter conquistado 45 presidências de câmara mas ter permitido, em simultâneo, que lhe fugissem das mãos outras 27. ou a constatação de que, ao fim e ao cabo, ficou apenas com 7 capitais de distrito contra 8 do psd. ou, ainda, a conclusão de que o ps não foi capaz de aproveitar a vaga de fundo que esvaziou o psd por todo o país para ser o primeiro partido em câmaras tão marcantes como o porto, oeiras, cascais ou setúbal.
seguro, sem jeito comunicativo, politicamente inábil e impreciso, anunciou a maior vitória de sempre em autárquicas. além de não ser verdade, está bem longe da realidade.