ModaLisboa: O dia mais longo

O segundo dia da ModaLisboa tinha arranque marcado para o meio-dia, com o desfile de Luís Buchinho, e só veio a terminar já depois da 1h da manhã, com as propostas de Nuno Gama. Pelo meio ficaram oito desfiles: Valentim Quaresma, Os Burgueses, Ricardo Dourado, Dino Alves, Alexandra Moura, Miguel Vieira, a marca brasileira Cia.…

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buchinho arrancou o dia com a colecção que já havia apresentado em paris – e onde foi amplamente aplaudida: um elogio ao exercício do esboço na página em branco.

seguiu-se valentim quaresma, com uma colecção de jóias com o tema caos, onde as jóias se tornam peças de roupa, ultrapassando o carácter secundário.

ao início da tarde, a dupla os burgueses, depois de há seis meses terem apresentado uma colecção monótona e pouco conseguida, entraram desta vez no campo do humor e mostraram que a sua visão do verão é positiva, fresca e muito colorida. license to go bananas mostrou saias, vestidos, calças, camisas e até sapatos onde as bananas foram as protagonistas, naquela que foi a primeira vez que a dupla desenvolveu padrões originais.

logo de seguida foi a vez de ricardo dourado, novamente no espaço exterior dos paços do conselho, apresentar as suas propostas. inspirado pela estética de gus van sant e larry clark, drop the city é uma colecção onde o designer volta a pensar a cidade e as suas tribos, sobretudo as mais jovens. dourado quis perceber como os jovens sobrevivem à cidade ou lhe fogem, recorrendo, muitas vezes, a desportos como o skate, o surf ou o parkour. foi aqui que foi buscar materiais como o neoprene e volumes oversized. num dia que foi uma maratona de passerelle, ricardo dourado apresentou a colecção mais pujante e estimulante deste dia.

já no pátio da galé, dino alves apresentou 2d, uma coleção onde voltou a criar sobre a depuração das linhas e a importância dos quadrados e dos rectângulos e a forma como, a partir destes, é possível construir um guarda-roupa. o resultado foi uma colecção – com muitos acessórios em pele – de silhuetas elegantes, mas sem nunca perder a irreverência característica do trabalho de dino alves. a mesma que lhe permite ter um zipper num vestido de noite sem o comprometer de nenhuma forma.

serenidade foi a palavra de ordem perante a colecção de alexandra moura. a criadora partiu da mesma reflexão da colecção anterior – o quadrado como origem de tudo – para criar as suas propostas para o verão 2014. as silhuetas são predominantemente rectas, sem no entanto serem austeras. a paleta de cores, com destaque para o branco e o amarelo, e tecidos como o linho, quase remetem para a planície alentejana e para um momento etéreo.

miguel vieira encerrou, com este desfile, a celebração dos seus 25 anos de carreira. e como o momento era de festa, o designer trouxe para a passerelle, não apenas as propostas para homem e mulher – nas quais procurou reinventar os seus clássicos –, mas também a sua colecção de criança. três meninos e três meninas fizeram as delícias da plateia. o regresso à passerelle de nayma, manequim-fetiche de miguel vieira, marcou com chave de ouro um quarto de século de moda.

já bem depois da hora marcada, subiram à passerelle os homens de nuno gama. uma colecção dedicada à cerâmica portuguesa, onde os azuis e o branco dominaram, nas tradicionais silhuetas viris que caracterizam o trabalho do designer. a 41.ª edição da modalisboa termina hoje.

raquel.carrilho@sol.pt